Violência no Egito deixa 72 mortos, mas os protestos continuam

Apesar da violência extremada e das medidas do Governo interino do Egito, que incluem a permissão para a prisão de civis pela polícia militar, milhares de partidários do presidente destituído no começo do mês, Mohammed Mursi, voltaram às ruas nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (29), na capital egípcia, Cairo. Neste sábado (27), 72 pessoas morreram nos protestos, pelo que o governo interino de Adli Mansur afirmou estar “entristecido”, no domingo (28).

Protestos no Egito pró-Mursi - Reuters

Os manifestantes convocaram o protesto como uma marcha desde a mesquita Raba al-Adawiya, até a sede dos serviços de Inteligência Militar, segundo informações do porta-voz da Irmandade Muçulmana, grupo transnacional ao qual pertence o Partido da Liberdade e da Justiça (PLJ), liderado por Mursi.

O Exército havia advertido os manifestantes, através de um comunicado, para “não se aproximarem das instalações militares em geral, e à sede da Inteligência Militar em concreto”. A Irmandade Muçulmana contesta o número oficial de 72 mortos, afirmando que houve ao menos 200 vítimas fatais.

A medida de Mansur, que permite a prisão de civis pela polícia militar, teve lugar pouco após o ministro egípcio do Interior, Mohamad Ibrahim, assegurar que a Polícia atuará “com decisão e firmeza” ante qualquer alteração da segurança.

“Não estarão satisfeitos até que voltemos à época do corrupto e assassino Estado securitário e de espionagem”, denunciou o vice-presidente do PLJ, Essam el-Erian, através do seu perfil no Facebook. "Tentam [essa volta] cometendo esses massacres até agora nunca vistos na história do Egito”, completou.

Enquanto isso, o editor da revista Pan-African News Wire, Abayomi Azikiwe, afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é "responsável pela intensificação dos conflitos no Egito", porque deu declarações provocativas sobre a situação no país árabe e africano.

Obama considerou os acontecimentos no Egito "uma segunda oportunidade para a democracia", e com isso indica "que o Governo dos Estados Unidos está apoiando as medidas repressivas do Exército contra o povo egípcio", afirmou Azikiwe.

A situação do país norte-africano ficou extremamente tensa desde o passado 3 de julho, quando o Exército destituiu Mursi (“a pedido do povo nas ruas”, segundo o comandante da ação, o General Abdel Fattah El-Sisi) e estabeleceu um mandato interino, sob a liderança do presidente do Tribunal Constitucional Supremo do país, Adli Mansur.

Com informações da HispanTV