Análise de vetos pode atrasar ainda mais votação da LDO de 2014

A votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2014 pode enfrentar ainda mais dificuldades do que as antecipadas por parlamentares. As mudanças na tramitação de vetos presidenciais, aprovadas em julho em sessão conjunta (Câmara e Senado), ameaçam impedir a votação da proposta. Pela regra agora em vigor, os vetos passam a trancar a pauta 30 dias após sua publicação e impedem votações do Congresso, como a da LDO.

A nova norma foi aprovada no último dia 11 – já no dia seguinte, a presidente Dilma Rousseff vetou partes importantes do projeto de lei do ato médico, que regulamenta o exercício da medicina. A princípio, esse veto tem de ser analisado pelo Congresso até 12 de agosto, mas outras datas de agostos também já estão comprometidas: o dia 25 de agosto é o prazo para votação do veto parcial a novas regras de distribuição do Fundo de Participação dos Estados; e o dia 26, o veto total ao Projeto de Lei Complementar 200/12, que extinguia a multa de 10% sobre o saldo do Fundo de Garantia de trabalhadores, em casos de demissão sem justa causa.

O relator da LDO, deputado Danilo Forte, acredita que o projeto dos médicos não deve gerar polêmica, apesar de haver defensores da derrubada dos vetos. “Vamos analisar e votar os vetos. Foi uma conquista dos parlamentares dar a palavra final sobre o processo legislativo, mas não acredito que isso impeça ou adie ainda mais a votação da LDO”, disse.

Orçamento Impositivo

A próxima sessão do Congresso está marcada para o dia 20 de agosto, porém a própria LDO ainda tem problemas para entrar na pauta desse encontro. É que a Comissão Mista de Orçamento ainda não votou o relatório preliminar da proposta e, somente após essa etapa, pode ser aberto um prazo de até 10 dias para emendas (mudanças que podem ser sugeridas por deputados, comissões e bancadas estaduais) – o relator já sinalizou a intenção de fixar um prazo de três dias para a apresentação dessas emendas.

O prazo, a princípio, seria suficiente para a votação do texto final da LDO na comissão entre os dias 15 e 20, como propõe Forte, porém os problemas não acabam por aí. O PMDB deixou claro que só votará a LDO depois da aprovação da PEC do Orçamento Impositivo, que torna obrigatória a execução de emendas individuais de parlamentares que modificam o Orçamento da União, desde que estejam ligadas a programas prioritários do governo. A matéria tem votações previstas para a semana que vem (dias 6 e 7) na comissão especial que a analisa e no Plenário da Câmara.

Forte afirmou que pretende esperar a aprovação do Orçamento Impositivo para poder incluir a regra na LDO e, assim, fazer valer a medida já em 2014. O governo, no entanto, que não está nada satisfeito com a proposta de mais gastos obrigatórios no Orçamento, ainda não começou a negociar alterações no texto. “Esse também tem sido nosso problema. Falta um interlocutor com o Executivo na Comissão de Orçamento; precisamos estreitar essa relação”, disse o presidente do colegiado, senador Lobão Filho.

Para o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), que participa tanto da votação da LDO quanto do Orçamento Impositivo, é possível que chegar a um acordo, mas ele não acredita que a PEC seja aprovada como está, como quer o PMDB. “A princípio, a posição do PT tem sido contrária, mas achamos que é possível chegar a um consenso”, declarou.

Lei Orçamentária Anual

Com tudo isso, corre o risco de a proposta de Lei Orçamentária Anual de 2014 ser enviada ao Congresso sem que a LDO tenha sido aprovada. O prazo final para a aprovação da LDO é o dia 31 de agosto, quando deve ser encaminhado o projeto da Lei Orçamentária Anual.

A LDO traz as regras para a elaboração do Orçamento e, caso ela não seja aprovada até essa data, o Ministério do Planejamento se baseará no texto original enviado pelo governo no início do ano para elaborar a Lei Aneual do próximo ano. Isso já aconteceu em 2006, quando a LDO e o Orçamento foram aprovados no mesmo dia e no final do ano. “Essa, entretanto, é uma hipótese com a qual não queremos trabalhar. A LDO é importante demais para que não definamos logo agora como será o Orçamento”, argumentou o relator.

Fonte: Agência Câmara