PL do passe livre será lido na Câmara de Maceió ocupada

A Câmara de Vereadores de Maceió (AL) foi ocupada por centenas de manifestantes ligados à Frente pelo Passe Livre em Maceió, na quinta-feira (1º). Além da pauta do passe livre, os estudantes e trabalhadores demandaram uma solução para a situação de milhares de famílias que reivindicam moradia digna, após terem sido violentamente expulsas de um terreno de 58 hectares que ocupavam no bairro da Santa Lúcia.


Ocupação da Câmara de Maceió / foto: Jonathan Lins

Após diversas manifestações de rua desde o mês de junho, desta vez a passeata teve o plenário da Câmara de Vereadores como destino. A casa de Mário Guimarães se tornou a casa de todo povo, com a sessão interrompida pelas palavras de ordem. Após sucessivas falas dos manifestantes na tribuna, alguns vereadores presentes, entre eles Heloísa Helena (Psol-AL), firmaram compromissos com a pauta de reivindicações.

“Será feita a leitura do texto do passe livre na próxima terça-feira (6)”, garantiu o presidente da sessão, Francisco Holanda (PP-AL). Três projetos que hoje tramitam na Casa discorrem sobre o tema, dois deles de autoria de Helena: o de passe livre estudantil e o do passe livre para toda população, aos domingos. Ambos já foram repetidas vezes apresentados e rejeitados pela Casa. Um novo projeto de passe livre estudantil foi apresentado pelo vereador Galba Neto (PMDB-AL) em julho, após a onda de manifestações.

Toda ocupação foi transmitida em twitcasting e apoiada através das redes sociais por internautas de todo o país. Para um dos manifestantes, Ésio Melo, da Frente pelo Passe Livre, foi “uma vitória importante tanto pela questão do passe livre, como pela luta da ocupação do prédio do INSS. Os vereadores sentiram a pressão. Só começou a luta do passe livre. Vai ser lida a proposta terça e daí vamos pressionar para aprovar”, garantiu.

Ésio fez referência à ocupação que conta com mais de três mil sem-teto, de um prédio abandonado do INSS, no centro de Maceió. As famílias, que somam um total de nove mil cadastradas, após a expulsão truculenta da Polícia Militar, em 18 de julho, do terreno na Santa Lúcia, ocuparam este prédio, que já tem reintegração de posse emitida pela Justiça, com promessa de ser cumprida nesta sexta-feira (2).

“Sobre o prédio, os vereadores virão pra cá pra impedir a desocupação e o uso da força contra os moradores”, explicou Melo. Dezenas de militantes passaram a noite dessa quinta-feira em vigília, aguardando a possível ação da Polícia para reintegração de posse. As famílias, ligadas ao Movimento Via do Trabalho (MVT), demandam apoios estruturais e para alimentação, e contam com a solidariedade de organizações da classe trabalhadora para resistirem.

Fonte: Brasil de Fato