Disputas internas do PSDB evidenciam falta de liderança e projeto

O projeto político do tucanato para as eleições presidenciais de 2014 está a cada dia mais distante de um consenso interno. Para analistas, o principal desafio do PSDB é forjar uma liderança competitiva, que personifique o fracassado projeto neoliberal do tucano para o país. A disputa fratricida do tucanato tem levado a público as divergências internas do PSDB.

As recentes denúncias publicadas pela revista Isto É sobre a formação de um cartel que mantinha um esquema de desvios de recursos públicos e pagamento de propina a políticos tucanos em São Paulo, em troca de favorecimentos nas licitações de obras do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), complicaram ainda mais o sonho tucano de retomar a Presidência.

Na tentativa de minar as recentes movimentações de bastidores do ex-governador José Serra, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) reuniu nesta terça-feira (6), em Brasília, dirigentes dos 27 diretórios estaduais do PSDB em um ato de apoio à sua candidatura. Embora o tema não tenha sido objeto explícito do encontro, os tucanos sinalizaram descartar a realização de prévias para a escolha do candidato da sigla.

Serra tem dito a aliados que ainda mantém esperanças de disputar sua terceira eleição ao Palácio do Planalto. Para isso, tem estimulado uma disputa interna com Aécio e ameaça migrar para o PPS.

Na contramão da movimentação serrista, a ordem interna na legenda é apoiar o nome de Aécio, que é presidente do PSDB, e unificar o discurso em defesa de seu nome. Em entrevista, o ex-governador mineiro repetiu o discurso de que pretende buscar o apoio de Serra, cujo grupo o acusa de ter feito "corpo mole" nas campanhas presidenciais passadas.

No encontro desta terça (6), os dirigentes regionais do PSDB defenderam que Aécio — um nome sem grande relevância no cenário nacional — faça visitas aos estados, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, principais redutos eleitorais da presidenta Dilma Rousseff e de seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva.

Barbosa

Cumprindo agenda típica de candidato na Bahia, Serra mudou de estratégia nesta terça (6). O ex-governador disse que "seria bom" que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, decidisse disputar a eleição de 2014. Ele afirmou ainda que, pessoalmente, "não embarcaria" em uma campanha com Barbosa, mas que a "multiplicidade" é positiva.

Quando questionado sobre a candidatura de Aécio para a disputa, o ex-governador de SP disse que o assunto ainda não foi "formalmente definido" — "até pelo que ele [Aécio] tem dito", acrescentou —, mas reconheceu que o mineiro tem "bastante apoio".

Há anos, Serra e Aécio disputam espaço no PSDB. Hoje, o senador mineiro tem a hegemonia no partido. Asfixiado, Serra estuda deixar a sigla para a hipótese de se candidatar à Presidência.

FHC

Questionado sobre a eventual ameaça de Serra de deixar o ninho tucano, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta terça (6) que nunca foi procurado pelo ex-governador de São Paulo para comentar sua eventual saída do PSDB. "Cheguei há dois, três dias da Europa. Até quando fui embora, nunca passou pela minha cabeça de que ele saísse. Nunca conversou comigo. Acho que ele não vai sair", disse o tucano.

Entre as alternativas apresentadas por aliados do ex-governador estão desde a saída do PSDB até a improvável disputa de uma prévia com o senador Aécio Neves entre os tucanos. A saída da sigla lidera a bolsa de apostas. FHC não quis comentar o prejuízo com a possível saída de Serra para a campanha de Aécio. "Não sei. Não vou antecipar isso".

Da redação do Vermelho, Mariana Viel –
com informações da Folha de S.Paulo