Em encontro da Grande BH, PCdoB discute formas do Brasil avançar

A perspectiva da resistência neoliberal, a construção de uma resposta efetiva a ela e o avanço democrático frente à nova situação política nascida do movimento de ocupação das ruas, cujo desfecho ainda é indefinido, foram os principais temas dos debates de dirigentes e militantes do PCdoB das regiões metropolitana de Belo Horizonte e Central de Minas. A reunião aconteceu no último sábado (3), na sede do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea).

“Somos marxistas, não somos reformistas. Queremos governos democráticos sensíveis, mas não podemos nos esquecer de que transformações se fazem a partir das ruas, de conquistas populares”, alertou, por mais de uma vez, a presidenta do PCdoB mineiro, deputada federal Jô Moraes, frente a posições que não levavam em conta a ideologia partidária. O fórum – 2º Encontro Macrorregional do PCdoB da Região Metropolitana e Central – integra o rol de discussões das teses de construção do 13º Congresso da Partido.

Com o marco da ocupação das ruas por milhares de pessoas em diferentes partes do Brasil no mês de junho, o temário abrangeu o balanço dos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff, com a atualização das perspectivas do país; o fortalecimento da legenda neste contexto; a análise das tendências – considerando a crise econômica mundial – e a luta pelo socialismo.

Audácia

A avaliação das gestões democrático-populares, que começou com Lula e continua com a presidenta Dilma, foi positiva. “Lula recebeu a herança maldita dos governos neoliberais, fez a transição para a ampliação da democracia, acabou com a dívida externa e a sangria dos recursos nacionais pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e reduziu a pobreza. O resultado desta política é claro: fez com que o Brasil conquistasse o respeito e a admiração externa. Onde Lula vai recebe inúmeros títulos de doutor honoris causa, ele, um homem sem formação universitária, um metalúrgico”, analisou o vice-presidente estadual do PCdoB mineiro, Wadson Ribeiro, sob aplausos.

O dirigente também chamou a atenção para a necessidade de fortalecer o governo da presidenta Dilma, “ vítima de fogo amigo” pois até alguns segmentos de seu partido, o PT, defendem a volta de Lula.

Para Jô Moraes a questão nuclear é um maior progresso social. “Temos de manter a economia aquecida, gerando empregos. Quando Dilma foi eleita, a gente disse: Assume Dilma, mas com audácia! É isto que o Brasil está pedindo: enfrentamento da disputa política, da crise macroeconômica”, avaliou. Neste sentido, ela alertou os militantes para o caráter revolucionário do PCdoB. "Temos de estar antenados, dando suporte ao governo que representamos. Temos de estar em sintonia fina com o povo", afirmou.

“O PCdoB não é um partido de cargos, de gabinetes, de mandatos. O PCdoB é um partido do povo e que está nas ruas, na luta pelo socialismo. A militância tem de comprar a briga por mudanças a partir de nossa história, de nossa experiência e da realidade”, enfatizou.

Na mesma linha de abordagem, a presidenta da legenda em Belo Horizonte, Dalva Estela Rodrigues, destacou que o PCdoB realiza muitos fóruns para discutir política. “Esta é a forma de avançar no pensamento político e principalmente agora, quando o debate acontece em ambiente de grave crise mundial. O Brasil está neste contexto e não se dissocia dele”, lembrou.

Presidente da mesa do 2º encontro, o secretário de Organização do Partido em Minas, Richard Romano chamou a atenção dos dirigentes e militantes para a necessidade da continuidade do ciclo político iniciado por Lula e em implementação por Dilma Rousseff. “Não podemos sequer admitir pensar em retrocesso político. As forças reacionárias estão ativas e agindo. Temos de colocar nossas demandas, que são as do povo, na pauta das discussões, nos legislativos, nos governos. Temos de aceitar o desafio de avançar em todos os níveis”.

Já a secretária da Mulher do PCdoB, Renata Rosa, defendeu uma maior participação feminina nas disputas por vagas nas diversas esferas de poder, especialmente nos legislativos, como forma de empoderamento feminino.

Ao fazer um chamamento final aos participantes do fórum, Jô Moraes destacou que “os desafios são enormes, mas o valor das ideias tem de prevalecer. Prevalece. Nosso partido se move pela ciência, pela consciência de classe, temos de nos preparar, ler as teses, discuti-las, aperfeiçoá-las. Somos socialistas e queremos um Brasil democrático, com o povo nas ruas. O deputado constitucionalista Ulisses Guimarães disse, certa vez, que a democracia começa com o alfabeto. Para nós, do PCdoB, a cidadania começa com o marxismo”.

Da redação do Vermelho-MG,
Graça Borges

Atualizado às 13h58