Jornada de Lutas da Juventude Brasileira começa nesta terça

A Jornada de Lutas da Juventude Brasileira, que começa na terça-feira (13) pretende mobilizar os jovens brasileiros em prol de mudanças e conquistas coletivas. Em Brasília e em várias outras capitais do país, uma ação organizada da UNE, da UBES, da ANPG e diversas UEEs, CAs e DCEs irá ocupar as universidades e as ruas, dando visibilidade às principais reivindicações do movimento estudantil.

jornada de lutas

O mês de agosto, que celebrou no último domingo (11) o aniversário da UNE e o Dia do Estudante, será comemorado com protestos em todo o Brasil. No Congresso Nacional, haverá um ato junto ao movimento educacional para pressionar pela votação dos royalties do petróleo e do pré-sal para a educação. 

A presidenta da UNE, Vic Barros, destaca a pontualidade do momento para impedir retrocessos na luta pelo financiamento da educação pública brasileira.

“Nossa ocupação vai pressionar o Congresso Nacional em relação aos royalties e recursos do pré-sal para o setor, envolver mais gente na questão da assistência estudantil, da regulamentação do ensino privado, temas urgentes que, de certa forma, trazem a resposta para quase todas as outras insatisfações que temos visto por parte da sociedade”, pontua Vic.

Diversas outras entidades do movimento social e estudantil participarão da Jornada de Lutas da Juventude Brasileira no mês de agosto. Em documento divulgado, a União da Juventude Socialista (UJS), convida a população à luta por reformas estruturais para transformar o país. 

 “Para alcançarmos mudanças mais profundas, precisamos de luta, unidade e organização e a juventude é central nesse processo”, declarou André Tokarski, presidente nacional da UJS.

Na reunião da última quarta-feira (7) foi elaborada uma carta destinada a todos os interessados em fazer este país avançar nos interesses da classe trabalhadora e dos estudantes.

“A juventude nas ruas com demandas progressistas, que implicam necessariamente o fortalecimento da classe trabalhadora, da soberania nacional e do Estado brasileiro, cria um quadro político favorável para avançar no processo de transformação do país”, diz trecho da carta.

Leia a íntegra da Carta:

Carta da Jornada de Lutas da Juventude Brasileira

“As mobilizações da juventude em junho representam uma mudança na conjuntura política no Brasil e abrem uma janela histórica para a realização das reformas estruturais necessárias para garantir a soberania nacional e os direitos da classe trabalhadora, promovendo o desenvolvimento econômico com justiça social, livre do racismo, machismo e homofobia.

Construímos no começo deste ano uma articulação ampla para fazer um diagnóstico coletivo da conjuntura, promover lutas sociais para pressionar os governos e enfrentar os inimigos do povo brasileiro. Participam diversas entidades que organizam a juventude em movimentos sociais e sindicatos de trabalhadores da cidade e do campo, entidades estudantis, feministas, juventudes partidárias, religiosas, LGBT, coletivos de cultura e das periferias.

O nosso manifesto de lançamento, apresentado em fevereiro de 2013, proclamava a unidade da juventude para “avançar nas mudanças e conquistar mais direitos para juventude”. Logo depois, fizemos uma jornada de lutas em todo o país em março/abril, com a plataforma que construímos de forma conjunta.

Já havia naquele momento a expectativa de que os jovens sairiam às ruas para cobrar dos governos mais investimentos em educação, melhores condições de vida, mudanças no sistema político e respeito aos direitos. As manifestações de massa que aconteceram por todo o país, que tiveram como estopim a luta contra o aumento das passagens do transporte público, mostrou a disposição dos jovens irem às ruas exigir mudanças.

A juventude nas ruas com demandas progressistas, que implicam necessariamente o fortalecimento da classe trabalhadora, da soberania nacional e do Estado brasileiro, cria um quadro político favorável para avançar no processo de transformação do país. Nesse quadro, temos o compromisso de consolidar a unidade política, enraizando a nossa articulação nas nossas bases, intensificar o processo de luta, tendo como plataforma o nosso manifesto, e contribuir com o processo de mobilização.

Não queremos retrocessos, mas lutaremos para o país avançar. A partir de 2003, obtivemos avanços por meio da luta, em um período de crescimento econômico, com políticas sociais e distribuição de renda, porém dentro de um quadro de governo de composição de forças da burguesia e da classe trabalhadora, que tem dado sinais de esgotamento e mantém bloqueadas as reformas estruturais.

A juventude quer fazer política. Queremos casar a energia dos jovens nas ruas com o histórico de organização da classe trabalhadora. O momento é de enfrentar os inimigos do povo brasileiro, fazer pressão sobre os governos e aprofundar as mudanças.
Não queremos medidas paliativas. Precisamos de um novo modelo econômico que rompa com a herança neoliberal, assegure os direitos dos trabalhadores, retome as empresas públicas privatizadas e imponha limites para o capital financeiro.

Não bastam os discursos dos governantes. É necessário ações concretas que apontem no sentido das reformas estruturais e politizem a sociedade brasileira, tendo como motor as demandas da juventude e as lutas sociais.

Não aceitamos o discurso da “governabilidade”. O Congresso Nacional tem uma ampla maioria conservadora que, no contexto de um governo de coalizão, impede as reformas estruturais. O melhor exemplo é o recuo imposto à presidenta Dilma Rousseff depois do lançamento da proposta de realização de um plebiscito para a realização de uma Assembleia Constituinte Exclusiva para a Reforma Política, mesmo sob o calor dos protestos nas ruas.

É necessário arrebentar as amarras que impedem as transformações sociais. Os governos precisam dar um sinal claro à juventude, aos sindicatos e aos movimentos sociais de que governarão com a sociedade mobilizada em luta para fazer as mudanças.

Estamos em luta por uma Reforma Política para viabilizar as grandes mudanças e enfrentar o problema da corrupção, que tem raiz na relação do Poder Público com o capital privado, cristalizada no financiamento privado de campanhas eleitorais. Precisamos democratizar o sistema político, garantindo a participação permanente da sociedade nas grandes decisões e ampliando a presença dos jovens, trabalhadores, camponeses, estudantes, negros, mulheres e homossexuais.

Estamos em luta pela democratização dos meios de comunicação, que criminalizam os protestos e legitimam a violência policial. Lutamos por mais investimentos na educação pública, com a garantia de 10% do PIB. Lutamos pela vida da juventude que é cotidianamente alvo da violência, especialmente nas periferias das grandes cidades, defendendo a desmilitarização da PM e uma profunda reforma no sistema de segurança pública.

Ficaremos mobilizados durante todo o mês de agosto em diversas atividades. Concentraremos esforços em uma nova jornada de lutas para defender a nossa plataforma entre 28 de agosto a 7 de setembro. Faremos uma manifestação em defesa do investimento em educação pública no dia 28 de agosto. Vamos fazer protestos na frente das sedes da Rede Globo em todo o país em defesa da democratização dos meios de comunicação na última semana de agosto.

Fortaleceremos a mobilização do Gritos dos Excluídos, organizado pelas pastorais e por movimentos populares, na semana do 7 de setembro. Vamos à luta, juventude, fazer as reformas estruturais para transformar o Brasil!”

 

A jornada de lutas da juventude brasileira é uma construção conjunta com entidades como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terrra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Apeosp, CNTE, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Pastoral da Juventude, Fora do Eixo, grupos ligados à questão racial, da diversidade sexual, meio ambiente, transporte e cultura.
 
Com informações do Portal da UNE e da UJS