Presidente paraguaio diz que não precisa de seu salário

O novo presidente do Paraguai, Horacio Cartes, anunciou neste domingo (18) que doará todo o salário que recebe como mandatário e chefe das Forças Armadas à fundação católica São Rafael, que realiza trabalhos humanitários. O valor mensal é de 38 milhões de guaranis ou 8.587 dólares.

Ontem, Cartes visitou o presidente da São Rafael, o sacerdote italiano Aldo Trento, e lhe comunicou que doaria o dinheiro à organização, que atende crianças que vivem nas ruas, mulheres em risco de exclusão social e pessoas infectadas pelo HIV.

Trento disse ter ficado “muito satisfeito” com a visita do presidente, que foi uma “surpresa” e afirmou que, antes desse encontro, não havia conversado nem tido nenhum tipo de contato com Cartes.

Segundo o jornal paraguaio La Nacion, Cartes chegou à Fundação São Rafael com um forte dispositivo de segurança e seu veículo se manteve em marcha frente a qualquer situação irregular que pudesse acontecer após os ataques realizados ontem pela guerrilha EPP (Exército do Povo Paraguaio), que deixaram cinco mortos em uma fazenda a 400 km de Assunção.

Denúncias

Horacio Cartes é conhecido por ser um dos homens mais importantes e influentes do Paraguai, mesmo antes de ser eleito presidente. Empresário, ele foi presidente do grupo Cartes, conglomerado que incluía tabacarias, distribuidoras de comidas e bebidas e até mesmo centros médicos. Além disso, também foi dono de um clube de futebol paraguaio.

O presidente esteve envolvido em diversos problemas e acusações ao longo dos últimos anos, não apenas no Paraguai, mas também em países vizinhos como o Brasil. No início da década de 1980, foi preso por evasão de divisas e tem sido investigado por lavagem de dinheiro e vínculos com o narcotráfico.

No Brasil, a empresa Souza Cruz o acusa de contrabando de cigarros. Nos EUA, ele é investigado por suposto envolvimento com esquemas de lavagem de dinheiro, segundo foi denunciado pelo Wikileaks. Em 2007, ele foi citado de passagem em outro documento, sendo relacionado a 80% do dinheiro lavado no Paraguai. Cartes, no entanto, nunca chegou a ser imputado por esses crimes.

Fonte: Opera Mundi