Mulheres sofrem mais violência dentro de casa, segundo pesquisa

Para muitas mulheres, o lar não representa segurança nem conforto. Significa, em vez disso, medo e a possibilidade de violências. Uma das questões mais graves para as mulheres, a violência doméstica foi tema de uma pesquisa inédita realizada este ano. 

De acordo com o estudo “Percepção da Sociedade sobre Violência e Assassinatos de Mulheres”, feito pelo Data Popular e pelo Instituto Patrícia Galvão, sete em cada dez entrevistados consideram que as brasileiras sofrem mais violência dentro de casa do que em espaços públicos.

A pesquisa, que ouviu 1,5 mil homens e mulheres em cem municípios, revelou que 54% dos entrevistados conhecem uma mulher que foi agredida pelo companheiro e 56% conhecem um homem que já agrediu a parceira.

Já 57% acreditam que, apesar de atualmente haver mais punição para os agressores e assassinos, a forma como a Justiça pune não reduz a violência contra a mulher.

Um dos aspectos mais preocupantes da pesquisa, de acordo com a socióloga Fátima Pacheco Jordão, conselheira do Instituto Patrícia Galvão, é o medo de represálias em caso de denúncia. Para 85% dos entrevistados, as mulheres que denunciam seus maridos correm mais risco de serem assassinadas. “Não é apenas uma ameaça do mais forte em relação ao mais fraco, é uma ameaça extrema”, afirma.

A pesquisa foi lançada em agosto, mês em que se completaram sete anos da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06), que prevê medidas de proteção à mulher vítima de violência. Sobre a lei, o estudo revelou que 98% conhecem a Lei Maria da Penha. Entretanto, 32% afirmam terem apenas ouvido falar da lei, sem conhecer detalhes da legislação.

Para Fátima, o índice é preocupante e evidencia uma falha do Estado. “É responsabilidade do Estado, dos governos federal, estaduais e municipais darem transparência a essa lei. Não adianta ter lei se ela não é exercitada”, ressalta. Em entrevista ao Brasil de Fato, a socióloga repercute os resultados da pesquisa e os desafios para pôr fim à violência doméstica no país.

Fonte: Correio do Brasil