Líder do PCdoB defende voto aberto e anuncia “luto” na Câmara

A líder do PCdoB na Câmara, deputada Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) classificou de “bastante constrangedor” a sessão que livrou de cassação do mandato o deputado Natan Donadon (PMDB-RO), preso por corrupção. “Não basta dizer que a Câmara dos Deputados está em luto; precisamos transformar esse luto numa manifestação concreta de que alteraremos o futuro da Câmara. E esse futuro deve ser alterado fazendo valer a votação da PEC que acaba com o voto secreto”, disse a parlamentar.  

“Nós não podemos conceber que essa história se repita infinitamente. Ou seja, é preciso submeter neste plenário a votação da PEC do Voto Aberto, para que a sociedade não veja essa história se repetir”, defendeu Manuela, parabenizando o presidente da Câmara, deputado Henrique Alves (PMDB-RN), que anunciou que só colocaria outra matéria de cassação para votação em Plenário após a aprovação da PEC do Voto Aberto.

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“Eu gostaria, como Líder do meu partido, de parabenizar V.Exa. pela justeza da decisão que tomou, na solidão do exercício da Presidência. V.Exa., na condução desse processo, agiu de maneira absolutamente adequada. Não é possível ter um Parlamentar, que embora tenha o seu mandato mantido por este Plenário, exercendo o seu mandato de dentro da cadeia”.

O caso é inédito no país. O presidente da Câmara teve que afastá-lo da função e convocar o suplente, ex-senador Amir Lando. E anunciou que “enquanto eu estiver na Presidência desta Casa, nenhum processo de cassação mais será por votação secreta”.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que não pode participar da votação, publicou nota oficial, na qual explica que "conduta ética, emitir opinião e voto aberto sempre foram as minhas marcas. Já fui atacada, de forma covarde, exatamente por assumir temas polêmicos e me manter fiel a princípios caros a mim e ao partido. No caso da votação da cassação de Natan Donadon, a líder do PCdoB declarou o voto da bancada que, unanimemente, se posicionou a favor da cassação e do fim do voto secreto em processos deste tipo”.

E anunciou porque não esteve presente à sessão: “Doente desde segunda-feira, aguardei o quanto pude para votar pela cassação, ciente de minha obrigação. Lamento profundamente o resultado, para nós inesperado, e que nos envergonha a todos, mas não tive condições físicas, agravadas desde o final da tarde, de permanecer em plenário. Pessoas combativas e guerreiras também adoecem”, afirmou a deputada Jandira Feghali.

Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e preso no Presídio da Papuda, em Brasília, por peculado e formação de quadrilha a mais de 13 anos de prisão, o deputado Natan Donadon não teve o mandato cassado pela Câmara por falta de voto. 24 deputados ausentes impediram sua cassação.

108 deputados faltaram à sessão. 131 deputados votaram a favor de Natan. Outros 233 contra o deputado presidiário, a favor, portanto, da perda do mandato. E 41 parlamentares preferiram se abster.

De Brasília
Márcia Xavier