Quantidade de armas influencia taxa de homicídios, aponta Ipea 

Estudo apresentado pelo pesquisador Daniel Castro, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), esta semana, em audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, comprova a correlação entre a disponibilidade de armas de fogo e a quantidade de homicídios.  

Segundo a pesquisa, a cada ponto percentual incrementado no número de armas de fogo de uma cidade, a taxa de homicídios chega a aumentar dois pontos percentuais. Outro dado importante do estudo indica que os crimes contra o patrimônio econômico não são influenciados pelo aumento ou redução do número de armas em uma determinada localidade.

O pesquisador enfatizou que a presença de armas de fogo não é o único fator causal dos homicídios e da criminalidade em geral, mas defendeu a regulamentação forte da questão.

“Sou a favor das liberdades individuais, mas em algumas situações, onde a ação de uns afeta o bem-estar dos demais, há a necessidade de regulação do Estado, e as armas de fogo constituem um caso clássico, pois elas afetam a probabilidade de outras pessoas sofrerem homicídios pelo fato de alguém ter comprado uma arma”, afirmou Castro.

A pesquisa de sua autoria – “Causas e Consequências do Crime no Brasil” – venceu em 2011 o prêmio Haralambos Simeonidis, na categoria melhor tese de doutorado, concedido pela Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (ANPEC).

No Brasil, a média anual de homicídios nos últimos anos ficou estabilizada em torno de 50 mil mortes, uma das mais elevadas do mundo. Para Daniel Castro, “a taxa de homicídios no Brasil, de 26 por cem mil habitantes poderia estar em torno de 13, não fosse a corrida armamentista dos anos 1990”.

Da Redação em Brasília