Espionagem compromete leilão de campo de petróleo, diz Vanessa 

Presidente da CPI da Espionagem, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) questionou em discurso no Plenário do Senado, nesta segunda-feira (9), a realização do leilão do campo do pré-sal de Libra diante das denúncias de que a Petrobras foi alvo de espionagem dos Estados Unidos. “Se há um mínimo de insegurança, não é possível manter o leilão onde as cartas já seriam conhecidas por alguns dos concorrentes”, afirmou. 

Ela citou reportagem exibida neste domingo (8) no programa Fantástico, da TV Globo, avaliando que as denúncias contradizem a negação do governo norte-americano sobre a prática de espionagem econômica.

Segundo a reportagem – baseada em dados coletados pelo ex-técnico da agência americana de segurança (NSA) Edward Snowden e divulgados pelo jornalista Glenn Greenwald -, uma apresentação para funcionários da NSA, classificada como ultrassecreta, mencionaria a Petrobras entre as empresas que poderiam ser alvo de interceptação em suas redes privadas.

Vanessa chamou a atenção para a liderança mundial da Petrobras em extração de petróleo em águas profundas e manifestou temor de que dados estratégicos da empresa sobre cálculos e pesquisas possam estar vulneráveis.

A senadora também leu nota oficial do diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, James Clapper, que teria sido enviada à TV Globo em resposta à reportagem do Fantástico. A nota afirma que "não é segredo" a coleta de informações que possam servir aos Estados Unidos e a seus aliados como "alerta precoce" sobre problemas financeiros de repercussão mundial.

Vanessa argumentou que, diante de tais fatos, o leilão das áreas petrolíferas – previsto para 21 de outubro – só pode ser feito mediante "absoluta certeza" de que os dados do campo de Libra não foram vazados.

Vanessa Grazziotin disse que a espionagem de hoje toma uma forma muito diferente da verificada no passado, mas espera que este "momento-chave" mostre ao Brasil a necessidade de uma política de segurança de informação.

Em apartes, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) classificou a nota de James Clapper como "reconhecimento de culpa" dos Estados Unidos e defendeu o cancelamento do leilão do campo de Libra como única medida cabível diante das denúncias. E Waldemir Moka (PMDB-MS) disse que o Brasil precisa aumentar sua preocupação com a proteção de seus sistemas de informação.

Da Redação em Brasília
Com Agência Senado