Acordo entre Chevron e YPF ameaça comunidades mapuches

Às margens das negociações entre empresas extrativistas e governo argentino, as comunidades mapuches de Neuquén, na Argentina, têm acompanhado o interesse destas instituições em explorar as reservas de hidrocarbonetos ameaçando seus territórios. No último dia 15 de junho, a YPF (controlada pelo Estado) e a Chevron firmaram um acordo patrocinado pelos governos nacional e provincial, para reativar a exploração de recursos no subsolo.

No entanto, o Observatório de Direitos dos Povos Indígenas lembra que a Chevron foi condenada pelos tribunais do Equador em 2011, devido aos impactos humanos, sociais e ambientais causados pelas suas atividades na Amazônia. Segundo a entidade, o líder da Confederação Mapuche de Neuquén, Elías Maripán, afirmou que apesar de a destruição se aproximar, os "resistentes” mapuches continuarão defendendo seu território ancestral (Wallmapu) "por milhares de anos”.

Na província de Neuquén estão dois dos maiores depósitos petrogasíferos da Argentina: o de Loma de La Lata e o de Vaca Morta. O de Loma de La Lata vinha sendo explorado pela Repsol-YPF, que causou "enormes” impactos ambientais ao lugar como contaminação das terras, da água e da atmosfera, causando ainda a intoxicação crônica de dezenas de pessoas por metais pesados, e aumentando o conflito social e a repressão contra autoridades mapuches.

Já para operar o depósito de Vaca Morta é que foi firmado o acordo entre a YPF e a Chevron a fim de possibilitar o uso da questionada técnica do fracking (ou ruptura hidráulica) na retirada dos hidrocarbonetos do subsolo. Segundo os moradores, os operários da Chevron, "que fugiu do Equador após devastar o território dos povos kofán e siona”, já se encontram em suas comunidades. Há pouco tempo, a Texaco – que faz parte do conglomerado da Chevron – foi condenada a pagar uma indenização de 19 bilhões de dólares para as 30 mil famílias afetadas pela extração petroleira com técnicas contaminantes na Amazônia equatoriana. O caso ficou conhecido como o julgamento do século.

De acordo com o Observatório de Direitos dos Povos Indígenas, recentemente representantes de povos indígenas atingidos pela Chevron no Equador visitaram as comunidades de Neuquén para denunciar e alertar a população sobre os perigos que a companhia de capital estadunidense traz aos territórios indígenas.

A exploração petroleira nas selvas do oriente equatoriano causou danos incalculáveis, segundo o Observatório: 103 milhões de litros de óleo derramado, 63 bilhões de litros de água tóxica lançada a rios e dois milhões de hectares de terras contaminadas, que serviam para povos indígenas e camponeses viverem e trabalharem.

Em virtude desta situação alarmante, autoridades mapuches pedem ações urgentes em defesa de seus territórios e comunidades. Resistentes, organizações mapuches já fazem parte de um movimento contra os magaprojetos extrativos e as técnicas nocivas aplicadas, especialmente o fracking, que deverá ser utilizada no depósito de Vaca Morta e que traz muitos impactos e danos ao meio ambiente.

Saiba mais em: Observatório de Direitos dos Povos Indígenas

Fonte: Adital