Em ato de filiação, Fábio Dantas exalta história do PCdoB 

Em concorrida solenidade de filiação ao PCdoB, nesta segunda (16), na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, o deputado estadual Fábio Dantas deu visibilidade às lutas políticas e sociais Partido, com um resgate histórico daqueles que doaram suas vidas à luta por um novo modelo de sociedade, mais justa e igualitária. 

O ato contou com a presença de lideranças de vários partidos do estado e militantes comunistas. Entre os presentes à solenidade estava o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).

Durante sua fala, Fábio Dantas falou sobre a reverência à história do PCdoB – o partido mais antigo do Brasil. Abaixo o discurso na íntegra:


Adentro neste momento a casa deste senhor nonagenário, mais precisamente, deste senhor de 91 anos de idade, cujo olhar traz a paisagem do Brasil desde 1922, e nos pés o rastro dos caminhos difíceis e penosos, que foi obrigado a trilhar, para que nosso país avançasse para a liberdade e que o sonho da democracia fosse hoje uma realidade entre nós. 

Chego à casa do PCdoB. Meu primeiro sentimento é de reverência, reverência a historia do partido – a mais longa dentre todos os partidos políticos brasileiros. História construída com paciência, obstinação e devotamento; com luta árdua, com suor, com lágrimas, sob uma repressão que o fez respirar na clandestinidade por 60 anos. Basta recordar que em 1978, quando toda a esquerda brasileira tinha ação institucional através do MDB, de oposição moderada ao governo militar, o PCdoB retoma seu espaço parlamentar e elege seus primeiros deputados – ainda sob a clandestinidade.

A história deste grande partido confunde-se com a história do nosso País. Esteve na crista de todas as ondas. Fez seu o desejo das multidões que clamavam por avanços sociais e políticos; por liberdades públicas e de expressão; passando pelo enfrentamento heroico às ditaduras – de Vargas e a de 64 -, até a organização das lutas sindicais, estudantis e populares. Esteve na luta incansável pela abertura política e concessão da anistia – conseguidas em 1979; levantou a bandeira do movimento Diretas Já, formado por partidos de oposição e, ante a derrota da emenda Dante de Oliveira, procura Tancredo Neves para convencê-lo a lançar-se candidato no Colégio Eleitoral. Candidatura esta decisiva para a redemocratização e a legalização dos partidos de esquerda, em 1985. O PT legalizara-se já em 1980. Esteve presente, também, nas discussões e nos avanços da constituinte de 88. Amargou seguidos reveses eleitorais até a vitória de 2002, com Lula presidente da república, marco na história recente do País, abrindo novo ciclo político, com a subida ao poder de forças democráticas e progressistas. O PCdoB, aliado de primeira hora, pela primeira vez participa diretamente de um ministério do governo federal, além de exercer naquela ocasião a liderança da bancada do governo na Câmara dos Deputados, depois chega a Presidência da Câmara com o Deputado Aldo Rebelo, hoje Ministro dos Esportes.

Ainda na adolescência assisti, como todo meu Estado, a tragédia que se abateu sobre a sociedade potiguar com as mortes prematuras de Glênio Sá e Alírio Guerra – a quem rendo minhas homenagens neste momento. Homens íntegros, valorosos dirigentes partidários, vítimas de um acidente automobilístico em plena campanha eleitoral; homens de luta que, por aqueles dias de 90, tratavam de estruturar o partido no Estado, agora na legalidade, cuidando de sua ampliação e conduzindo sua inserção na sociedade local, nos movimentos sociais, nas disputas institucionais e eleitorais. Foi uma perda pranteada nos quatro cantos e cujos danos perduram até hoje. Até porque os dois, Glênio e Alírio, interna e externamente, simbolizavam, e eram a cara do PCdoB norte-rio-grandense.

Anos depois, já militando na política partidária, tive minha relação com a direção do partido estreitada, quando, em 2006, o Partido Humanista da Solidariedade – PHS, partido ao qual pertenci e pelo qual me elegi deputado estadual, participou de uma coligação tendo, dentre outros, a presença do PCdoB.

O namoro de coligado evoluiu – e hoje, aqui estou como um novo filiado do partido. Trago comigo a mocidade e a enorme vontade de contribuir, com meu trabalho e inteligência, para que o PCdoB continue sua trajetória em defesa dos grandes temas de interesse nacional, podendo citar, a construção de um projeto de afirmação nacional, com desenvolvimento, soberania, integração regional, democratização política e social e defesa do meio ambiente, dentre outros.

Chego com a garra e entusiasmo das novas lideranças, com a contribuição que poderei trazer ao partido, junto com o amigo, ex Prefeito, empresário e Lider Político Theodorico Bezerra Neto e aporto com muito honra em meio à experiência de militantes históricos, como os que aqui vejo, Senador Inácio Arruda, senador pelo estado do Ceará, Antenor Roberto, nosso competente Presidente, Vereador George Câmara, Canindé de França, Marcos Dionisio, Airene Paiva, Albérico, dirigentes partidários e tantos outros que constituem um patrimônio moral e cívico, força motriz do PCdoB. Penso que da soma dessas forças, de todas elas, resulta a sua pujança na política brasileira, e mais, sua permanente vitalidade e rejuvenescimento, sempre presente nos atos desse proativo senhor de 91 anos de idade.

Quero colocar o meu nome à disposição do partido para que possamos fazer um trabalho de fortalecimento da sigla partidária no estado, agregando lideranças, movimentos sindicais, estudantis e pessoas que tenham a mesma disposição de colaborar com o projeto. Ampliar a participação de alguns municípios no nosso partido. Construir uma nominata vigorosa para deputado estadual, que possa eleger pelo menos dois ou três representantes à Assembleia Legislativa, trabalhando fortemente os ideais que guiam o PCdoB, e assim atrair nomes para câmara federal que possam enriquecer a legenda a nível nacional. Demonstrar enfim a força do partido, assumindo o protagonismo que estamos chamados a desempenhar no processo político eleitoral de 2014.

A realização desse projeto transformador está claro, passa pelo crescimento numérico e da influência política do PCdoB na sociedade brasileira. Passa também pela luta de ideias em torno de um novo projeto de desenvolvimento para o País; passa pela valorização dos movimentos sindicais, estudantis e populares, como propulsores de transformação e desenvolvimento.

A mobilização das forças vivas da nação é imprescindível ao avanço de conquistas sociais e políticas. O grito das ruas que ecoou no mês de junho passado por esse Brasil afora foi suficiente para que, num breve espaço de tempo, fossem aprovados os 75% dos royalties do petróleo do Pré Sal para educação e 25% para a saúde; o próprio fim do voto secreto aprovado pela Câmara; a redução das passagens de ônibus em muitos municípios brasileiros. Tudo isso devido à estridência das mobilizações populares, repito.

Os partidos políticos mais do que nunca precisam estar atentos aos sentimentos da nação. Que está viva e pulsante, incomodada com descasos e descaminhos, e agora, pronta a participar, vigiar e fiscalizar a atuação de agentes públicos, e a vida da sociedade como um todo. O que o Brasil vem assistindo nos últimos meses é irreversível, a participação do povo veio para ficar, a sua força foi sobejamente exibida e não há obstáculo que a detenha. A classe política terá que conviver com a arbitragem exigente de quem sustenta a nação, de quem paga seus impostos, sua máquina administrativa, e que de repente acordou aborrecida para cobrar o que lhe é de direito. Cobrar o funcionamento de serviços essenciais: da saúde, educação, segurança pública e tantos outros – a altura dos seus direitos de cidadania, a altura da carga tributária que pesa no seu bolso de assalariado. O País demonstra uma vitalidade política nunca vista, o Brasil pulsa nas suas ruas e esquinas, e se expressa com gana; e nenhum de nós está imune à criticas e responsabilização, enquanto entes políticos.

O Brasil amadureceu e está em marcha batida para um grande destino. Dá a impressão de que a nação deixou para traz – em compreensão do momento histórico – o pensamento político corrente, as estruturas partidárias, o arcabouço jurídico vigente, e quase todas as prateleiras montadas. Precisamos repensar muita coisa. Pois o Brasil quer mais. Exige mudanças de práticas anacrônicas, reforma política democrática e de ampla participação popular, mudança do Código Penal, atualizado ao País de hoje. Um tema fundamental é a questão do endividamento e do pagamento de juros da dívida pública, que consome, que se apropria de mais da metade das receitas públicas anuais. É preciso encontrar-se uma solução urgente para essa enfermidade crônica e grave.

Sinto-me confortável em chegar ao seio de um partido em que o alvo de suas preocupações é o ser humano, em seu contexto politico, social, histórico. Partido antenado com os anseios legítimos e atuais do povo brasileiro e pronto a mover esforços para atendê-los.

Temos um compromisso muito claro, no horizonte mais próximo, que é a sustentação do ciclo de mudanças iniciado por Lula e continuado pela presidente Dilma. O patamar de bem estar, de distribuição de rendas, de inclusão social de milhões de brasileiros é uma enorme conquista que, não nos cabe apenas mantê-la, mas ampliá-la. As realizações do governo do PT, nosso aliado, integrantes de sua base de apoio, saltam aos olhos. Um governo que tem a base de apoio popular da presidente Dilma, com seu grau de sensibilidade, esta apto a enfrentar as demandas que têm surgido nesses últimos tempos. Plena condição de equacioná-las – dentro da seriedade e espírito público que preside o seu governo. A reeleição de Dilma é pois uma luta para a qual estamos todos preparados e dispostos a empreende-la.

Agradeço aos que aqui compareceram, meu Pai Arlindo, minha Mãe Socorro, Minha Esposa Cristiane, Minha Tia Graça, Meu Tio Afim Leonardo Arruda, Minha Prima Vereadora Julia Arruda, Meu Tio Napoleão, Minha Tia Kátia, familiares, amigos, políticos, prefeitos, vereadores, presidentes de partidos, colegas deputados, jornalistas, servidores públicos, colaboradores, militância do PCdoB e a população em geral.

Encerrando quero dizer que venho para o PCdoB com o sentimento político renovado, com a certeza que vamos lutar democraticamente para que o Brasil vitorioso, cheio de riquezas, possa inspirar nosso amado solo potiguar, redefinindo nossa história recente de atraso e carência de sonhos, estes que alimentam a esperança de todos nós de vermos nosso Estado agora estagnado produzindo mais riquezas. Riquezas essas que precisam ser melhor distribuídas, proporcionando a nosso povo, uma saúde pública universal e digna, uma educação que atenda e prepare nossos jovens e adultos para construção de um mundo melhor, com uma Segurança que permita a todos exercer o direito constitucional e humano de ir e vir, com o Social que promova a inserção de milhares de excluídos; com um desenvolvimento industrial e turístico que seja a base, que seja a locomotiva de esperanças para enriquecer nosso estado, para atender e ofertar serviços públicos de qualidade a todos mudando de forma estrutural, o nosso futuro.

Muito Obrigado e vamos a Luta.

Fábio Dantas

Da redação do Vermelho-RN