Educadores latinos comemoram 92º aniversário de Paulo Freire

O educador pernambucano Paulo Freire, considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial e um dos maiores intelectuais brasileiros, completaria 92 anos nesta quinta-feira (19). Para homenageá-lo, a Internacional da Educação para a América Latina (IEAL) inaugurou, nesta quinta (19), uma escultura do educador na Universidade Federal de Pernambuco, feita pelo artista Abelardo da Hora, ao som de músicas regionais: frevo e maracatu.

O Patrono da Educação brasileira, Paulo Freire, ganhou uma estátua em sua homenagem/ Foto: Karina Vilas Boas

A atividade, promovida pela IEAL, que realiza em Pernambuco o 2º Encontro do Movimento Pedagógico Latino-Americano no estado, contou com a presença de mais de 700 trabalhadores em educação de todos os países da América Latina.

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De acordo com Hugo Yasky, presidente da Comissão Regional de Educação Internacional da América Latina, o Movimento Pedagógico Latino-Americano terá como símbolo esta importante homenagem ao eterno Paulo Freire. “Agora temos o símbolo da terra de Paulo Freire em nossa história, prestamos essa merecida homenagem ao pai da pedagogia crítica, que delineou uma para nós a Pedagogia da Libertação, intimamente relacionada com a visão marxista do Terceiro Mundo e das classes oprimidas na tentativa de elucidá-las e conscientizá-las politicamente”, afirmou.

"Nós escolhemos Paulo Freire como patrono e referência para o movimento porque ele é reconhecido no mundo todo. 19 de setembro é o marco do movimento pedagógico por ser o dia do aniversário de nascimento dele e nós queremos deixar nessa cidade, para as futuras gerações, na universidade pública em que ele estudou e começou a trabalhar, um marco no sentido de dizer que os educadores da América Latina estiveram aqui fazendo o reconhecimento desse grande educador que tanto contribuiu para a educação no mundo", ressaltou Fátima Silva, vice-presidenta da Internacional da educação para América Latina.

Já o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão, lembrou que 2013 marca os 50 anos da experiência de Paulo Freire em Angicos, no Rio Grande do Norte, quando o professor alfabetizou 300 trabalhadores em 40 horas, feito considerado um marco do método Paulo Freire, uma alfabetização que, sobretudo, ajudava o aluno a pensar o mundo. “Ele pôs em prática uma maneira de alfabetizar que fazia com que as pessoas que viviam marginalizadas tivessem acesso a uma forma bastante simples, mas não mecânica, que conscientizava as pessoas, e permitia que elas se libertassem, deixassem de serem adestradas para serem pessoas capazes de serem protagonistas do seu destino”, disse Leão.

Em seu depoimento, o artista responsável pela obra, Abelardo da Hora, amigo pessoal de Paulo Freire, falou emocionado sobre como é gratificante para ele poder prestar esta homenagem ao educador. “O que ele sempre falava para mim: ‘Abelardo, a educação dá vida para o povo e para o trabalho’ e Freire era sim, um pensador, amigo e que tinha certeza de que o ensino de qualidade era o caminho para mudar mundo. O momento é de muita emoção e a única coisa que eu espero é ter conseguido retratar fielmente os traços desta figura ímpar que sempre será motivo de orgulho e exemplo para todos nós”, disse.

Dentro da programação do evento, também ocorreu o 8º Colóquio Internacional Paulo Freire, na Universidade Federal de Pernambuco.

Paulo Freire

O Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire, nasceu em Recife, Pernambuco, em 1921 e faleceu em 1997. Foi um educador e filósofo brasileiro.

A sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária, tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído; libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado.

Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência política.

Autor de A Pedagogia do Oprimido, um método de alfabetização dialético, se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático.

Em 13 de abril de 2012 foi sancionada a lei 12.612 que declara o educador Paulo Freire Patrono da Educação.

De Recife, Karina Villas Boas, da Federação dos Trabalhadores em Educação do Grosso do Sul (Fetemes)