Jogadores de futebol ensaiam movimento contra calendário

Por meio de uma carta, assinada por jogadores de futebol que atuam nas séries A e B do Campeonato Brasileiro, teve início o que pode vir a ser um movimento progressista dentro de uma das áreas profissionais mais desiguais do país.

Os atletas solicitam na carta a realização de uma reunião com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para discutir o formato do calendário da próxima temporada.

A CBF divulgou durante a semana que o calendário será estendido em função da Copa do Mundo: os campeonatos estaduais vão começar no dia 11 de janeiro.

Os jogadores Léo Moura e Elias, do Flamengo, Juninho Pernambucano, do Vasco, Jefferson, do Botafogo, e Rafael Sóbis, do Fluminense, foram alguns dos 75 atletas que assinaram o documento.

Na nota, o grupo se diz preocupado com o curto período de preparação e o elevado número de jogos. A sequência pode ser mais desgastante para jogadores experientes. Na atual edição, atletas acima dos 30 anos têm sido destaques em seus clubes: é o caso de Léo Moura e Juninho; de Seedorf, no Botafogo; Ronaldinho Gaúcho, no Atlético Mineiro; Alex, no Coritiba; e Paulo Baier, no Atlético Paranaense.

O movimento, no entanto, não toca em questões cruciais que têm surgido ao longo dos últimos anos e fizeram com que o futebol brasileiro fosse contaminado por interesses extra-campo.

Aspectos como horários das partidas – com jogos tendo início às 22 horas –, verba destinada aos clubes pela televisão, preço abusivo de ingressos, falta de transporte, violência de e contra torcidas, exploração de atletas, transações feitas para lavar dinheiro não foram citados pelos jogadores na carta.

Para o jogador do Flamengo, Léo Moura, "o principal objetivo é primeiro pela saúde de cada atleta e preocupação com o futebol brasileiro, pois com essa maratona de jogos é impossível um ser humano manter o nível de excelência e qualidade de um futebol melhor".

Na carta, os atletas pedem que "clubes que fazem o futebol nacional" sejam subsidiados mas fazem condenação aos subsídios aos clubes que disputam a Série D. Os torcedores que por acaso lerem a carta deverão indagar, sem dúvida, quais são os clubes que fazem o futebol nacional, pois não ocorre que o Rio Negro de Manaus, o Independente de Limeira, a Portuguesa do Crato e o Brasil de Pelotas, estejam fora desta vaga expressão que consta na carta.

Outra contradição é não tocar em um assunto muito importante, que é a diferença colossal de salários que existe entre um clube da série A e um da série D, por exemplo. O salário de apenas um jogador do Corinthians cobre a folha salarial mensal de todo um time, como o Luverdense, de São Lucas do Rio Verde e que recentemente enfrentou o clube paulista na Copa do Brasil.

Já o diretor-técnico do carioca Botafogo de Futebol e Regatas, Oswaldo de Oliveira, "já passou da hora ter um movimento desses. Sou solidário a essa causa porque quem sente na pele é quem tem que se manifestar".

"Todos nós sofremos com isso. A qualidade do espetáculo é prejudicada e os jogadores começam a perder precisão e coordenação por causa do cansaço", disse o treinador.

Do Portal Vermelho, com agências