UBM filia-se ao FNDC e participa da 17º Plenária

A União Brasileira de Mulheres(UBM) filiou-se ao Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). O ato aconteceu em Brasília, durante a 17ª Plenária Nacional FNDC, realizada nos dias 21 e 22 de setembro. O objetivo da UBM – que foi representada por Monica Miranda (UBM-RJ) no evento – é ampliar as discussões sobre a democratização da mídia dentro da entidade.

Para a coordenadora geral da UBM, Elza Maria Campos, a efetivação de políticas públicas que garantam o direito à comunicação é uma bandeira de luta histórica dentro da entidade. “Filiar ao FNDC é destacar o papel desse órgão como um importante e fundamental espaço de discussão e luta pela democratização da mídia. As discussões propostas pelo FNDC são de interesse de todas as mulheres que militam na UBM e também das mulheres do campo e da cidade que atuam junto ao movimento social de mulheres e em sindicatos e centrais sindicais, pois as empoderam contra os abusos em relação à imagem da mulher na mídia”, defendeu Elza.

O objetivo central do evento, segundo Monica Miranda, que atua no Fórum Estadual pela Democratização da Comunicação no Rio de Janeiro e é membro da direção da TV Comunitária, foi debater um novo estatuto social que correspondesse ao crescimento e as demandas do FNDC. “O documento foi aprovado após longo debate e contou com a contribuição das entidades com o propósito de fortalecer ainda mais o FNDC”, destacou.

Democratização da Comunicação

A 17ª Plenária Nacional do FNDC teve como tema de debate a manipulações dos monopólios de mídia. A coordenadora do FNDC, Rosane Bertotti, e os jornalistas Leandro Forte e Paulo Moreira Leite e demais convidados fizeram exposições a respeito dos grandes conglomerados privados de comunicação, do financiamento das mídias alternativas e, entre outros, da construção de políticas públicas para o setor.

“A plenária iniciou com uma importante análise de conjuntura que contou com a colaboração do jornalista Leandro Fortes (Carta Capital). Ele destacou, entre outras importantes questões, a nobreza e a ‘maldição’ da profissão de jornalista, ou melhor, da comunicação, principalmente dos que trabalham nos grandes conglomerados privados que induzem, que forçam os profissionais a terem um “comportamento de manada”, declarou Monica.

O jornalista Paulo Moreira Leite (diretor da sucursal da Istoé, em Brasília) mostrou que a lógica estabelecida atualmente é de uma situação de vale-tudo, em que os monopólios de mídia fazem um esforço para a desmoralização de quem lhes faz contraponto. Ele explicou que no Brasil é “possível mentir com toda a imprensa, como na questão do chamado ‘mensalão’, porque há um conluio, uma identidade ideológica entre um poder que não é eleito, com uma mídia que não presta contas”, relembrou.

A Plenária demonstrou claramente o crescimento do FNDC com a representação de 18 Estados, sendo 34 delegados dos comitês estaduais e 28 das entidades nacionais. Além da aprovação do novo estatuto, reforçou em votação a importância de se intensificar a coleta de assinaturas do Projeto de Lei da Mídia Democrática, principalmente em outubro, mês da democratização da comunicação.

Ao final foram apresentadas várias moções referentes à luta pela democratização dos meios de comunicação: de apoio à aprovação do projeto de Lei da Mídia Democrática; em defesa dos trabalhadores; de repúdio à criminalização das rádios comunitárias e de demissões nos veículos de comunicação. Dentre outras moções importantes apresentadas e aprovadas na XVII Plenária, aprovou-se também uma moção de repúdio ao Estatuto do Nascituro (PL 4782007), que obriga as mulheres a manter a gravidez fruto de um estupro.

“Para a União Brasileira de Mulheres é muito importante participar dessa frente de batalha. Na luta pela emancipação e pela autonomia da mulher, nós não temos dúvida que a democratização da mídia é ponto fundamental. A democracia desse país não será plena e a nossa luta – apesar dos avanços -, não terá o êxito esperado, sem uma comunicação democrática, basta ver como é tratada a imagem da mulher na mídia”, finalizou Monica Miranda.

A atividade foi encerrada com um Ato Político pelo Marco Civil da Internet, que contou com a presença de Laura Tresca e um vídeo do Deputado Federal Alessandro Molon (PT-RJ), relator do projeto de lei no Congresso Nacional. Na ocasião também foi lançado o livro “Conselhos de Comunicação Social – A Interdição de um Instrumento da democracia participativa” de Venício A. de Lima.

Mulher e mídia

O direito à comunicação fez parte do projeto nacional da UBM “Fortalecer o Protagonismo no Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres e na Democratização da Mídia”, que contou com o apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). O projeto teve por objetivo fortalecer o protagonismo das mulheres, buscando garantir a implementação da Lei Maria da Penha e ao mesmo tempo incentivar o controle social sobre a veiculação de conteúdos discriminatórios na mídia em geral.

O projeto capacitou e qualificou – por meio de seminários de formação – mulheres de 17 cidades do Brasil e de diferentes segmentos sociais. Na ocasião, as participantes tiveram contato com temas sobre as diferenças formas de violência contra as mulheres e puderam fazer o controle social da mídia, atentando para todo tipo de exploração da imagem da mulher e de veiculação de conteúdos preconceituosos ou estereotipados na mídia. Também contribuiu para divulgar a Notificação Compulsória para o enfrentamento da violência contra as mulheres e para que as mulheres pudessem exercer o controle social sobre a implementação da Lei Maria da Penha e do Pacto Nacional pelo Enfrentamento da Violência contra as Mulheres.

Fonte: Site da UBM

(foto: divulgação UBM)