Prefeiro Auri-Wulange deixa PSD e crítica senadora Kátia

Presidente da Associação dos Municípios do Bico do Papagaio (Ambip), o prefeito de Axixá, Auri-Wulange Ribeiro Jorge, está trocando o PSD pelo novo Solidariedade (SDD). Ele procurou o blog nesta terça-feira, 1º, indignado com o tratamento dispensado pela senadora Kátia Abreu ao vice-governador João Oliveira nesse domingo, 29, e para rebater a declaração do vereador de Palmas Iratã Abreu, para quem as pessoas que estão deixando o PSD estavam no partido por conveniência.

Auri-Wulange disse que são três as razões que o fazem deixar a legenda e, segundo ele, todas elas ligadas à postura da líder maior do PSD no Tocantins, a senadora Kátia Abreu. "O PSD tem um projeto político que visa apenas o crescimento do grupo político da senadora, que hoje se resume a ela e seus filhos", criticou Auri-Wulange.

Segundo o prefeito, Kátia "não tem moral para falar em fidelidade partidária ou pedir o mandato de quem quer seja por isso". "Porque o maior exemplo de infidelidade no partido vem dela mesma, que tentou trocar o PSD pelo PMDB, mas não foi aceita lá", afirmou o presidente da Ambip.

Auri-Wulange na posse, em janeiro: candidatos "órfãos" e apoio só para candidatura de Iratã. Auri-Wulange disse que seus problemas com o PSD começaram ainda na campanha eleitoral do ano passado, quando, segundo ele, o partido deixou "órfão", por parte da direção e da senadora, todos os seus candidatos. "Porque o PSD abraçou apenas uma candidatura em todo o Estado, a do filho da senadora, o Iratã Abreu, que era candidato a vereador em Palmas. Todos os recursos do partido e todos os esforços foram direcionados para a eleição do Iratã", contou o prefeito. Por isso, segundo ele, os 31 prefeitos eleitos pelo PSD em 2012 venceram "de forma independente".

O presidente da Ambip contou que esse problema o deixou bastante "magoado" com o partido. Além disso, Auri-Wulange disse que a senadora só apareceu "uma única vez" em sua campanha e, naquele dia, pode "conhecer seu jeito "autoritário e desumano". "Fizemos naquela época uma caminhada pelas ruas e eram 3 mil pessoas. A vereadora Rafaelma esbarrou sem querer na senadora, empurrada pela multidão, e quase apanhou dela. Foi uma cena constrangedora. A vereadora só não apanhou da Kátia porque o deputado federal Irajá Abreu entrou no meio e impediu que a mãe a agredisse", disse.

Abandonou o barco
Auri-Wulange afirmou ainda que o fato de a senadora não prestigiar o próprio partido, ao querer deixá-lo, também o motivou a deixar a legenda. "A senadora não tem condições de exigir fidelidade. É a timoneira do PSD e tentou abandonar o barco com todos os companheiros dentro, e só não fez isso porque não foi aceita pelo PMDB, como não é aceita pelo próprio PSD, a começar do presidente nacional, Gilberto Kassab", disse.

De acordo com o prefeito, dentro do PSD "impera o medo, o receio e o terrorismo imposto pela senadora". "Todos querem dizer o que estou dizendo, mas morrem de medo, porque vai acontecer com eles o que aconteceu com o vice-governador João Olveira. Eu sei que o que o João Oliveira disse é verdade porque o que o vice-governador relatou é uma prática típica e corriqueira do dia-a-dia da senadora Kátia Abreu", afirmou Auri-Wulange, numa referência às agressões verbais que a senadora teria dirigido a João Oliveira na noite de domingo. "Registro minha solidariedade ao vice-governador, que merece respeito não só pelo direito que tem de tomar as posições e decisões políticas que julgar necessárias, mas também pelo importante cargo que ocupa."

Maldade contra o Bico
Outro motivo que o prefeito apontou para deixar o PSD foi o episódio do dia 13 de setembro, na Caixa Econômica Federal, em Palmas, quando os prefeitos do Bico do Papagaio descobriram que as 16 mil casas prometidas pela senadora Kátia Abreu, na verdade, eram apenas 750. "Foi uma maldade que ela fez com o Bico do Papagaio", avaliou Auri-Wilange. Segundo ele, de tanto a senadora falar que eram 16 mil casas, os prefeitos disseminaram a informação por todo o Bico do Papagaio, e terminaram totalmente constrangidos pelo que chamou de "mentira da senadora".

Segundo o prefeito, as cidades do Bico estão repletas de casas feitas de teto e paredes de palha. Inclusive, lembrou, duas crianças morreram num incêndio recentemente por conta disso. "Então, a população e os prefeitos estavam todos esperançosos. Porque seria uma garantia de condições dignas de moradia e também de geração de renda, porque o Bico ia virar um canteiro de obras", disse Auri-Wulange. "Ela foi desmentida pela Superintendência da Caixa e continuou insistindo na mentira, como se todos os prefeitos fossem analfabetos, desinformados e a população do Bico fosse idiota, tipo da arrogância dela", criticou.

Auri-Wulange contou que Kátia, quando "desmentida", deu "um show de desequilíbrio, deselegância e de autoritarismo". "Não aceitava que os prefeitos fizessem o contraditório, nem mesmo que a questionassem. Queríamos apenas entender a disparidade dos números, mas ela tratava a questão como se fosse uma ação político-partidária de nossa parte, então, passou a nos agredir gratuitamente, totalmente desequilibrada, com ódio transbordando por seus poros. São várias as testemunhas que vão repetir o que estou falando", garantiu o prefeito. "Por isso, reafirmo que acredito em cada palavra dita pelo vice-governador, porque vi que a senadora age realmente da forma como ele contou. Ela é uma pessoa totalmente desequilibrada e, assim, despreparada para o cargo que ocupa. Por ela agir dessa forma, causa muito medo nos campanheiros. As pessoas não a respeitam. Têm medo dela. São coisas diferentes."

PSD esvaziado
O presidente da Ambip disse que o PSD será esvaziado e que, a única culpada, é a senadora Kátia Abreu. "Tenho absoluta certeza de que a razão do esvaziamento é a figura da senadora no comando do partido. Outros prefeitos vão para o Solidariedade e outros partidos porque ninguém mais aguenta essas situações todas que relatei", afirmou.

Ele contou que tem conversado com os prefeitos e sentido a insatisfação com a postura de Kátia. "Ela leva instabilidade para o PSD e para os outros partidos nos quais tenta entrar, mas não é aceita. Kátia precisa mudar seu jeito, precisa descer e se conscientizar de que não é uma atriz hollywoodiana, nem a Ivete Sangalo do Tocantins e do Senado, porque a Ivete é uma pessoa querida, Kátia é uma pessoa que ninguém quer por perto", alfinetou.

Resposta a Iratã
Ao vereador Iratã Abreu, que disse no evento do PV dessa segunda-feira, 30, que os que deixam o PSD o fazem por conveniência, Auri-Wulange disse que também continuaria no partido "se tivesse recebido todos os apoios e recursos" que o parlamentar recebeu na campanha dele no ano passado. "E diga-se que, ainda tenha tido o voto mais caro do País, a campanha de Iratã teve uma votação medíocre, ridícula, pela quantidade de votos em relação ao investimento absurdo que recebeu."

Fonte: Cleber Toledo