Protesto de professores é reprimido por PM no Rio; mídia manipula

Tumulto, saques, depredação, medo. Como sempre a grande mídia escolhe a dedo as palavras para descrever protestos de rua. Não é de hoje que existe a tentativa de criminalizar os movimentos sociais mas, desta vez, estão tratando educadores como criminosos. No sábado, a cobertura sobre a desocupação da Câmara havia clara manipulação. E o mesmo se repete nesta quarta, um dia depois de um grande protesto no Rio, em solidariedade aos professores.


No sábado, quando houve a desocupação violenta dos professores que ocupavam a Câmara, os sites e portais da grande mídia foram contra os fatos, afirmando que era uma reintegração de posse. Depois, que as redes revelaram que não havia ordem judicial, mudaram a abordagem/ imagem: viral no Facebook

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Desde a segunda-feira (30) que professores ganharam mais apoio popular, após as imagens da desocupação da Câmara terem se espalhado pelas redes. Homens da Tropa de Choque agredindo professores grevistas que ocupavam a Casa em forma de protesto. Os protestos de segunda tinham como principal objetivo impedir a aprovação do Plano de Cargos e Remunerações enviado pela Prefeitura aos vereadores. No entanto, mesmo com os intensos protestos que ocorreram durante toda a terça (1º), o projeto de lei do Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR) dos professores do município do Rio foi aprovado na noite de ontem, na Câmara de Vereadores, em reunião extraordinária. O PL agora vai para a sanção do prefeito Eduardo Paes. Segundo a assessoria da Prefeitura, assim que o documento chegar às mãos de Paes, será sancionado.

A categoria informou que a greve continuará. Também houve agressões e perseguições aos professores acampados do lado de fora da Câmara que, segundo a PM, foram ordens do presidente da Casa, Jorge Felippe (PMDB). O deputado Gilberto Palmares (PT) criticou a decisão de isolar os manifestantes e ajudou a negociar a diminuição do efetivo policial durante o dia. “Embora a greve seja do âmbito municipal, não podemos fechar os olhos, pois todos lutamos por uma educação melhor, seja para a cidade do Rio, seja para o nosso estado”, disse Palmares.

O protesto de terça-feira começou durante à tarde. O policiamento nas ruas do entorno da Câmara do Rio foi reforçado com mais de 20 carros do Batalhão de Choque já por volta das 6h30. Grades foram colocadas nas ruas próximas da Câmara para reduzir o fluxo de pessoas, que eram abordadas pelos PMs.

No fim do dia, a adesão aumentou, com a presença de sindicalistas, integrantes de partidos de esquerda e de coletivos como os black blocs.

A primeira confusão aconteceu às 14h, após uma discussão entre um professor e um policial, que ameaçou prender o manifestante. A atitude revoltou os dezenas de manifestantes, que enfrentaram os PMs. Estes revidaram com bombas, causando correria. Bombas de gás lacrimogêneo foram disparadas em série por mais de duas horas.

"A PM agiu de maneira desmedida. O município não faz greve há 18 anos. Na primeira, dão esse tratamento?", disse Alexandre Farias, 40, professor de educação física há 11 anos.

Em nota, a prefeitura considera a aprovação uma "vitória para os servidores" e "um passo definitivo para consolidar o ensino público do Rio de Janeiro como o melhor do Brasil". Segundo o texto, o plano "garante, de imediato, um reajuste salarial de 15,3% para todos os profissionais da Educação e corrige injustiças históricas".

O que reivindicam os professores

No entanto, os trabalhadores da rede estadual reivindicam 16% de reajuste e os da rede municipal pedem melhorias no ensino e aumento de 19%. Eles querem um cronograma para discutir as questões pedagógicas e melhorias no ensino.


Foto viral no Facebook / fonte: Yahoo Notícias

Em assembleia realizada no início da tarde de terça-feira (1º), na Cinelândia, os professores da rede municipal do Rio de Janeiro decidiram manter a greve que já dura 47 dias, até que seja cancelada a votação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração, prevista ainda para hoje na Câmara Municipal. Os profissionais da rede estadual realizarão uma assembleia geral nesta quarta-feira (2), no Clube Municipal (Rua Haddock Lobo 359 – Tijuca). Na plenária, a categoria irá decidir os rumos da greve iniciada no dia 8 de agosto.

Sobre a legalidade da greve, em nota, os professores da rede estadual explicam que "no processo do Dissídio Coletivo de Greve do Estado de 2013, na sessão de julgamento de 30/09, o Órgão Especial do TJ/RJ não julgou ainda o mérito da legalidade da greve diante de petição apresentada pelo Estado na semana passada onde realizou 3 pedidos." A perspectiva é de que o Tribunal continue o julgamento na segunda-feira (7).

Com agências