Unesco abordará esquema de espionagem dos EUA

A rejeição à larga espionagem dos Estados Unidos, uma prática violatória das normas do direito internacional, está dentro dos temas de análises do Conselho Executivo da Unesco, reunido esta semana em Paris.

Uma iniciativa apresentada pelo Brasil e respaldada por vários países latino-americanos está encaminhada a conseguir que seja abordada a questão da privacidade e da ética na Internet à luz do escandaloso sistema de espionagem, declarou o representante cubano perante o Conselho, Juan Antonio Fernández.

Em entrevista concedida à Prensa Latina, Fernández denunciou que a interceptação indiscriminada de metadados de populações inteiras e das instituições internacionais viola a soberania dos Estados, a liberdade de expressão e os direitos humanos de todos os cidadãos.

Explicou que a proposta brasileira conta com o mais firme apoio e acompanhamento de Cuba.

O Conselho Executivo da Unesco iniciou suas sessões no dia 30 de setembro e se estenderá até 11 de outubro, com uma agenda bastante ampla, que inclui o programa de orçamento para os próximos quatro anos e a eleição do diretor geral.

Em sua conversa com esta agência de notícias, Fernández abordou as dificuldades financeiras enfrentadas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) por causa do calote imposto por seu principal contribuinte, os Estados Unidos.

Estamos falando de um orçamento reduzido em quase 22%, de US$ 654 milhões para US$ 511 milhões, o que mostra as condições em que a entidade terá que cumprir seu mandato, disse.

Washington decidiu há dois anos suspender suas cotas à Unesco, em represália pela aprovação desse fórum à inclusão da Palestina como membro de pleno direito.

Nesse contexto, o programa de reformas impulsionado pela atual diretora geral, Irina Bokova, para dar uma maior visibilidade e eficiência ao organismo, tropeça no imponderável da crise de calote, declarou o representante.

O representante cubano referiu-se também às votações para eleger o próximo diretor geral do organismo, as quais começarão na sexta-feira e poderiam ser estendidas até a próxima terça-feira.

Há três candidatos, disse, o embaixador de Yibutí na França e na Unesco, Rachad Farah; o professor universitário libanês Joseph Maila; e a atual diretora Irina Bokova, que aspira à reeleição.

Fernández destacou o papel da Unesco, uma instituição dentro do sistema das Nações Unidas encarregada de quatro esferas importantíssimas: educação, cultura, ciências e informação e comunicação.

Essa atribuição ampla implica um trabalho intenso em todo o relacionado com o Patrimônio Mundial, o Patrimônio Imaterial, a educação, uma tarefa que nunca termina em um mundo com mais de 800 milhões de analfabetos, recordou.

Mencionou também o programa Memória do Mundo, que guarda para as futuras gerações documentos importantes da humanidade, e onde Cuba acaba de inscrever a coleção Vida e Obra de Ernesto Che Guevara.

Todos estes são pilares fundamentais que têm a ver com o desenvolvimento, com os Objetivos do Milênio da ONU, onde a Unesco deve trabalhar e aprofundar suas ações nos próximos anos, indicou o embaixador cubano.

Fonte: Prensa Latina