Argentina leva Uruguai ao Tribunal por conflito sobre fábrica

O governo da Argentina anunciou nesta quarta-feira (2) que recorrerá novamente à Corte Internacional de Haia por causa do conflito com o Uruguai pela fábrica de pasta de celulose da finlandesa UPM (ex-Botnia). O presidente uruguaio, José “Pepe” Mujica, autorizou que a planta aumentasse a produção.
 

“A Argentina lamenta que os interesses da empresa tenham se tornado tão poderosos que condicionam a relação com o Uruguai”, afirmou o chanceler argentino, Héctor Timerman. “A decisão unilateral do Uruguai deixa nosso país na obrigação de recorrer à Corte de Haia, já que afeta a soberania ambiental, viola os tratados entre as nações e a própria sentença da corte.”

A UPM fica na cidade uruguaia de Fray Bentos, em frente ao município argentino de Gualeguaychú. A fronteira entre os dois países, nesta região, é marcada pelo rio Uruguai, onde está instalada a fábrica. Para aumentar a produção, a planta terá que cumprir pré-requisitos ambientais.

Na segunda-feira (30/09), Mujica e a presidente argentina, Cristina Kirchner, se reuniram em Buenos Aires e, nesta terça (1º/10), foi a vez de Timerman e do chanceler uruguaio, Luis Almagro. "Na reunião de ontem, a Argentina solicitou seguir dialogando e não cair na lógica do enfrentamento, mas o Uruguai não respondeu", afirmou o chanceler argentino.

Timerman disse que, "havendo o Uruguai quebrado o diálogo, a Argentina se sente livre da obrigação de anunciar de forma conjunta os relatórios científicos" sobre o estado do rio. "Semana que vem apresentaremos um relatório completo da contaminação que a UPM produz", afirmou.

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O anúncio foi realizado por Mujica em uma declaração à imprensa, na qual destacou que a decisão se deve ao fato de já "não restar espaço para negociar" com a Argentina, cujo governo se opõe à ampliação da produção da fábrica.

"Autorizamos a aumentar a metade do que a empresa nos solicitou há dois anos, 100 mil toneladas, com caráter provisório, ou seja, revogável, porque estamos exigindo a instalação de uma torre de esfriamento para assegurar que os fluidos que cheguem ao rio tenham temperaturas abaixo dos 30 graus", detalhou Mujica. 

Fonte: Opera Mundi