Inteligência israelense infiltra agentes em países árabes

O ex-diretor da Divisão de Inteligência do Exército de Israel, general Amos Yadlin, revelou que os seus agentes infiltraram-se em diversos países árabes, principalmente no Egito. Yadlin também mencionou operações na Tunísia, no Marrocos, Iraque, Sudão, Iêmen, Líbano, Irã, Líbia, Palestina e Síria, onde ainda há agentes ativos. O ex-diretor da inteligência deu declarações ao Canal Sete israelense, citado pelo portal Middle East Monitor, nesta quinta-feira (3).

General Amos Yadlin, de Israel - AFP

Em sua entrevista, Yadlin afirmou que a Divisão de Inteligência do Exército estabeleceu redes de coleta de informações na Tunísia, no Líbano e no Marrocos, e que essas redes são capacitadas para ter influência positiva ou negativa nos cenários políticos, econômicos e sociais nesses países.

O general aposentado não deu detalhes sobre a natureza exata dessas redes, mas disse que os agentes israelenses são mais ativos no Egito, onde foram estabelecidos ainda em 1979, na conclusão dos Acordos de Camp David entre os dois países, na resolução dos efeitos da Guerra do Yom Kippur (Guerra Árabe-Israelense), de 1973.

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Yadlin é atualmente o chefe do Instituto de Estudos sobre Segurança Nacional, na Universidade de Tel-Aviv (no litoral norte do país), e ainda tem ligações fortes com as autoridades políticas e da segurança do Estado. Além disso, o general confirmou que agentes israelenses estão trabalhando nas bases das instituições governamentais egípcias.

O trabalho da Divisão de Inteligência do Exército israelense contra “o inimigo” foi classificado por Yadlin como bem-sucedido na escalada das tensões e dos conflitos sectários e sociais, especialmente no Egito.

Também citado pelo portal Middle East Monitor, um portal israelense ligado ao serviço de inteligência secreta do governo israelense (Mossad) afirmou que até mesmo o general egípcio Abdul Fattah Al-Sisi, que liderou a destituição do presidente Mohamed Mursi no começo de julho, recebe informações sobre a movimentação de grupos islamitas na Península do Sinai (fronteira com Israel) do Mossad e da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA).

Um relatório detalhado revelou informações sobre a formação militar e as armas usadas pelo Exército egípcio na luta contra os chamados jihadistas e apoiadores da rede Al-Qaeda. Segundo o relatório, as operações no Sinai são direcionadas contra os islamitas, que começaram a direcionar ataques ao Canal de Suez e também ameaçam atacar alvos além da fronteira com Israel.

Forças egípcias começaram uma operação militar de larga escala no Sinai “contra terroristas e infiltrados palestinos”. Elas também têm estado ocupadas demolindo túneis que levam à Faixa de Gaza, bloqueada militarmente.

Embora as autoridades egípcias afirmem que os túneis são usados para o contrabando de armas, eles são empregados especialmente para o transporte de alimentos e bens de necessidade básica, inclusive materiais de construção e remédios.

O povo de Gaza está experimentando ainda mais graves condições de sobrevivência enquanto o bloqueio foi intensificado, com o fechamento da passagem de Rafah entre o território palestino e o Egito e a com a destruição dos túneis. As operações tiveram o consentimento israelense, já que envolviam movimentações militares proibidas pelos Acordos de Camp David e pelo Tratado de Paz Israel-Egito, de 1979.

Com Middle East Monitor,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho