Irã avalia positivamente discurso na ONU e empenho diplomático
“A República Islâmica do Irã não permitirá ao regime israelense decidir sobre a forma do diálogo nuclear do país”, assegurou o ministro persa de Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, durante o seu último dia de viagem a Nova York (EUA), nesta quarta-feira (3). O ministro esteve no país para os debates de alto nível (entre chefes de Estado) da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Publicado 03/10/2013 09:53
De acordo com o chanceler iraniano, o objetivo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e dos belicistas é causar discrepâncias e socavar a possibilidade de alcançar um acordo entre o Irã e o Grupo 5+1 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China, como membros do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha). A tentativa será impedida pelas autoridades iranianas, garantiu Zarif.
“O Irã resistirá pelos direitos do povo, e não deixará que a menor parte desses direitos sejam descuidados”, agregou, para deixar claro que “Teerã responderá a qualquer falta de respeito ao povo iraniano”.
Netanyahu, durante o seu discurso ante as Nações Unidas, voltou a acusar o país persa de perseguir fins militares em seu programa nuclear, e pediu à comunidade internacional que mantenha a pressão sobre Teerã, através das sanções já impostas ao país há décadas.
Zarif também descreveu os resultados do presidente persa, Hassan Rohani, e a delegação que o acompanhou a Nova York, para participar da 68ª sessão da Assembleia Geral da ONU.
“A viagem foi muito positiva, além de ser uma oportunidade adequada para descrevermos a mensagem de paz e a firme vontade da nação iraniana de desempenhar um papel eficaz e construtivo na cena internacional, tanto para seus membros como para a sociedade estadunidense”, assinalou Zarif, após a conclusão da visita aos EUA.
O chefe da diplomacia persa afirmou que também foi possível acabar com grande parte dos efeitos das propagandas negativas que tinham sido dirigidas contra o país, através das mentiras e da difusão de uma fobia contra o Irã.
“Segundo as últimas pesquisas de opinião realizadas nos EUA, 75% do povo naquele país acredita que as vias políticas e diplomáticas são as melhores para solucionar a questão nuclear com o Irã”, disse Zarif.
Neste sentido, o chanceler persa recordou que tudo isso ocorre enquanto, há meses, e devido às amplas propagandas dos belicistas, o povo estadunidense teria um ponto de vista diferente, e por isso, atores políticos como Netanyahu fazem uso de todos os meios para tentar destruir esse ambiente.
Reconhecer os direitos nucleares
A Associação de Controle de Armas dos Estados Unidos insistiu que o Grupo 5+1 deve estar preparado para reconhecer o direito o Irã às atividades relacionadas com o ciclo de combustível nuclear, assim como para colocar um fim às nações contra o país persa.
O diretor executivo da associação, Daryl G. Kimball assegura, no artigo publicado na última edição da sua revista, que há 10 anos o Irã vem desenvolvimento o seu programa de enriquecimento e outras atividades sensíveis do ciclo do combustível nuclear.
Por isso, em sua opinião, é claro que as autoridades iranianas “não tomaram a decisão estratégica de construir armas nucleares, e ainda não têm os ingredientes necessários para a produção de um arsenal nuclear”.
Além disso, Kimball afirma também que o novo ministro de Relações Exteriores do Irã, Mohamed Javad Zarif, reiterou recentemente que “as armas nucleares não têm lugar em nossa doutrina de segurança nacional, e são inclusive prejudiciais” neste âmbito.
“Infelizmente, as cinco rodadas de negociações nucleares, iniciadas em abril de 2012, entre o Irã e o G5+1, revelaram diferenças substanciais e a incapacidade de ambas as partes para dar os primeiros passos”, agregou Kimball.
O responsável da associação norte-americana reconheceu também que a capacidade nuclear do Irã melhorou ainda que as sanções internacionais contra o país persa foram endurecidas.
Apesar de tudo, Kimball assegura que ainda há tempo para alcançar um acordo significativo e uma solução com enfoque em uma situação mutuamente benéfica, através da diplomacia.
Kimball também deixou claro que, desde a eleição do novo presidente do Irã, Hassan Rohani, há uma oportunidade nova e crucial para alcançar um avanço. Os EUA e alguns de seus aliados, como Israel, insistem em acusar o Irã de ter como objetivo o desenvolvimento de armas nucleares. Entretanto, a retórica ameaçadora tem dado espaço à opção pela diplomacia, enquanto as autoridades persas continuam defendendo que o objetivo do seu programa é principalmente energético, de uso civil e pacífico.
Com informações da HispanTV,
Da redação do Vermelho