Estudantes protestam por mais democracia na USP
Milhares de estudantes da Universidade de São Paulo (USP) protestam em defesa da democracia na instituição. O ato faz parte do calendário de mobilização definido pelos estudantes em assembleia na sexta-feira (4). Nesta quarta (9), a Justiça de São Paulo negou o pedido de reintegração de posse feito pela USP para retirar os alunos que ocupam a reitoria desde o dia 1º de outubro.
Publicado 09/10/2013 18:02
"É uma vitória legitima do movimento e significa que a justiça considerou uma ocupação legitima, política e pacífica e sinaliza que a reitoria deve negociar", afirmou Carina Vitral, presidenta da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE_SP).
A decisão foi tomada pela 12ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo e a instituição já disse que vai recorrer da decisão. "Isso é um absurdo. A decisão de recorrerem só é mais uma demonstração de que é uma gestão intrasigente, que não dialoga com a comunidade acadêmica. É uma vitoria dos estudantes a Justiça ter declarado publicamente que nosso movimento é político e legitima a democracia", exclamou Pedro Serrano, diretor da UEE-SP.
Pedro também lembrou dos acontecimentos recentes no campus, como em 2011, quando a reitoria recorreu à Tropa de Choque para retirar dezenas de estudantes que ocupavam a reitoria.
Na terça-feira (8), foi realizada uma audiência de conciliação entre a reitoria, alunos e o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), que não chegaram a um consenso sobre a desocupação da reitoria.
"Eles argumentam que só negociam se os estudantes deixarem a reitoria.E isso é uma falácia, os estudantes ocuparam justamente porque a reitoria não quis ouvir a proposta", acrescentou Carina Vitral, presente no ato, com concentração no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. De lá, os estudantes sairão em marcha até a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), onde haverá uma audiência pública sobre o tema. Todas as partes envolvidas foram convidadas a comparecer, inclusive o reitor João Grandino Rodas, que não compareceu nas últimas audiências públicas ocorridas na Casa para discutir as cotas nas universidades estaduais paulistas.
Estudantes, professores e funcionários protestam por eleições diretas para reitor e para diretor da Universidade, com votação paritária entre as três categorias e o fim da lista tríplice, que dá ao governador a escolha do reitor entre os três mais votados ao cargo. Entre as reivindicações dos manfiestantes está a revisão do convênio com a Polícia Militar, que atua dentro do campus Butantã; as cotas raciais e sociais e a saída de Geraldo Alckmin (PSDB) do governo do estado, que também foi convidado a comparecer na audiência desta quarta.
"Rodas e Alckmin terão de nós ouvir. E atender às nossas reivindicações. Caso contrário, estaremos cada vez mais nas ruas e em mobilização. Democracia na USP já", afirma um manifesto dos estudantes na página do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Livre da USP.
Deborah Moreira
Da redação do Vermelho
imagens: DCE Livre da USP e Facebook Carina Vitral