Cientistas russos apresentam maior projeto espacial da década

Uma das surpresas proporcionada pelo RadioAstron decorre das caraterísticas do meio interestelar nunca antes observadas. A descoberta foi feita em consequência das observações de pulsares –estrelas de nêutrons com campos magnéticos.

RadioAstron - wikipedia.org

O destaque do último Dia da Ciência Espacial, celebrado anualmente no país no Instituto de Pesquisas Espaciais da Rússia, foi a divulgação dos últimos resultados científicos obtidos no âmbito do projeto RadioAstron, o primeira e maior projeto espacial russo da última década. Os resultados foram relatados pelo diretor do laboratório do centro astroespacial do Instituto de Física da Academia de Ciências da Rússia (FIAN), Iúri Kovaliov.

Um dos principais objetivos do RadioAstron é medir o brilho superficial dos núcleos de galáxias ativas. De acordo com as previsões teóricas, o brilho dos núcleos de quasares não deve exceder 1.012 Kelvin. Todavia, segundo as observações realizadas, o brilho de alguns dos núcleos ativos atinge 1.013 Kelvin. De acordo com Kovaliov, os cientistas não têm uma explicação clara para esse fenômeno.

Outra surpresa proporcionada pelo RadioAstron decorre das caraterísticas do meio interestelar nunca antes observadas. A descoberta foi feita em consequência das observações de pulsares –estrelas de nêutrons com campos magnéticos. De acordo com Kovaliov, observando a reação do pulsar Vela, os cientistas ficaram surpreendidos ao ver uma estranha estrutura de interferência em forma de agulha.

"A reação desse pulsar tem a forma de agulhas. Todos ficaram muito surpreendidos porque isso vai contra o conceito de natureza do meio interestelar adotado anteriormente", disse Kovaliov.

Os cientistas atribuem esse fenômeno à formação de concentrações turbulentas que focalizam, como uma lente, as imagens de pulsares à medida que a luz emitida por esses objetos distantes se desloca em direção à Terra. Neste verão, terminou o chamado programa científico inicial da missão para dar lugar ao programa científico principal.

"No mundo, há 400 radioastrônomos, no máximo, trabalhando na área de interferometria de base muito longa. Mais da metade deles está participando de nosso projeto. É muito bom", disse Kovaliov.

Um dos sete projetos, chamado "Observações dos radiotransientes", foi apresentado por Kirill Sokolóvski, formado pelo departamento de astronomia da faculdade de Física da Universidade Lomonóssov de Moscou.

"Os radiotransientes são um conceito ‘guarda-chuva’. Tudo o que surge na banda de rádio pode ser chamado de radiotransiente. Tenho interesse em observar objetos como novas estrelas clássicas, supernovas, microquasares e estrelas binárias de raios X, em que emissões de rádio podem ocorrer sob certas condições. Apesar de se tratar de objetos diferentes, podemos medir sua temperatura de brilho e entender seus mecanismos de radiação", disse Sokolóvski.

Ainda de acordo com o cientista, diferentemente dos outros programas, seu projeto visa apontar o telescópio para os objetos recém-formados e não para os já conhecidos.

"Quando recebermos a informação sobre um objeto interessante, poderemos observá-lo. No entanto, os eventos que podemos observar no âmbito do RadioAstron são raros", disse Sokolóvski.

Fonte: Gazeta Russa