Pai de Edward Snowden chegou a Moscou

Edward Snowden não é traidor, é desmascarador, afirma convicto o pai do antigo agente do serviço de espionagem norte-americano que revelou ao mundo os métodos de coleta de informações dos serviços secretos dos EUA.

Lon Snowden chegou a Moscou a fim de encontrar-se com o filho e discutir a sua atividade ulterior. Está convencido de que os EUA não constam na lista de países, para os quais Snowden poderia mudar-se no futuro – ali ele não pode contar com um tratamento justo nem, pelo menos, com a segurança.

Edward Snowden e o pai não se viram durante meio ano. Inicialmente, Edward fugiu para Hong Kong e aí publicou os primeiros materiais secretos. A seguir, foi obrigado a ficar várias semanas na zona de trânsito do aeroporto Cheremetievo de Moscou. Ele pôde estabelecer contato com os seus parentes somente quando a Rússia concedeu asilo provisório ao antigo oficial da Agência de Segurança Nacional. Note-se que os advogados americanos aconselhavam insistentemente o pai a não manter contato como filho. Mas a "voz do sangue" resultou mais forte do que o sentimento de autoconservação. Lon Snowden chegou a Moscou e foi aí recebido pelo advogado Anatoli Kucherena, que aconselha Edward Snowden a respeito de questões jurídicas.

"O pai de Edward Snowden ficou muito contente ao vir a Moscou. Falando a propósito, é a primeira vez que está na capital russa. O voo correu normalmente. Lon está ao par de tudo que se passa pois mantivemos contato com ele por telefone e por correspondência. Pretendo mostrar-lhe Moscou e, como é natural, vamos cuidar de que ele visite alguns museus e conheça os locais turísticos da nossa cidade."

Espera-se que o pai de Snowden permaneça em Moscou algumas semanas. Durante este lapso de tempo, ele pretende discutir com o filho o futuro: o que fazer a seguir quando expirar o prazo da sua estadia na Rússia. Por enquanto, não está clara a próxima direção de Snowden, mas é evidente que não irá para os EUA, – opina Lon Snowden.

"Não estou certo de que o meu filho retorne para a América. Esta é a sua decisão e eu a respeito. Sinto uma gratidão enorme aos que ajudaram o meu filho. O meu filho está livre e vive em segurança."

Nos EUA, Edward Snowden foi acusado de espionagem, o que implica punição até a pena de morte. A ameaça de ser preso por agentes norte-americanos vai pender sobre o refugiado durante todo o resto da sua vida, seja qual for o gênero da sua ocupação. Embora, – conta grossa, – Snowden já fez tudo que podia, opina o diretor geral do Centro de Informação Política Alexei Mukhin.

"Snowden passou uma parte das suas informações à mídia. E uma vez que esta última não está imobilizada com promessas que Edward Snowden tenha feito mais tarde, os novos desmascaramentos continuam sendo publicados. Não se pode deixar de apontar que o caos que surgiu depois da publicação dos desmascaramentos de Snowden favorece muito a imagem das corporações, mencionadas nos desmascaramentos, assim como a imagem dos serviços secretos americanos, pois as suas possibilidades foram reveladas ao mundo inteiro. Creio que, afinal de contas, estas corporações obtiveram novos clientes e os serviços secretos americanos conseguiram "demonizar" a sua imagem a fim de continuar a exercer pressão moral sobre a comunidade mundial."

O alarde que surgiu na Europa depois da publicação das informações de como os agentes americanos vigiam os cidadãos e, inclusive, os líderes políticos dos países amigos, já se acalmou. Os EUA não prometeram que os seus serviços de inteligência irão renunciar a semelhantes métodos. Provavelmente apenas a América Latina não relega esta história ao esquecimento – a presidente do Brasil Dilma Rousseff levantou a questão de espionagem a partir da tribuna da Assembleia Geral da ONU. Porém, o caso não vai além de inquéritos, realizados dentro do país.

Enquanto isso, Edward Snowden aprende russo, lê livros e espera prosseguir na sua atividade de defesa dos direitos humanos.

Fonte: Voz da Rússia