Lula: PSB e Eduardo Campos devem ser tratados como oposição
Reunidos no Palácio da Alvorada, nesta quinta-feira (10), a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente nacional do PT, Rui Falcão trataram do cenário político nacional e da construção de alianças regionais com partidos da base do governo federal, visando as eleições de 2014. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Lula defendeu que PT passe a tratar o ex-aliado Eduardo Campos e o PSB como oposição.
Publicado 11/10/2013 11:22
O publicitário João Santana, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante e o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins também participaram do encontro que durou cerca de quatro horas.
Desde o final setembro, quando o PSB oficializou que deixaria o governo federal motivado pela possibilidade de lançar o governador de Pernambuco Eduardo Campos candidato à presidência da República, a relação amistosa com o PT e outros partidos da base vem se deteriorando progressivamente. Lula chegou a pedir que o PT mantivesse o diálogo com o PSB, mas no último sábado (5) a filiação da ex-senadora Marina Silva ao partido e suas declarações públicas contra o governo inviabilizaram a continuidade da aliança com o PT.
O objetivo de Lula e da cúpula do PT é evitar que e outros partidos governistas se aliem a Campos e ao projeto oposicionista que ele começa a liderar no cenário nacional. Ainda de acordo com a Folha, o ex-presidente da República, acreditava que o pernambucano pudesse recuar de sua pré-candidatura ao Planalto.
Segundo interlocutores, após a filiação de Marina, Lula passou a considerar o PSB como oposição. O ex-presidente considera prioridade a partir de agora a consolidação de alianças regionais com partidos da base como o PMDB, PR, PCdoB e PTB — consolidando o maior número de palanques contra o projeto do PSB.
Ao deixar o encontro, Mercadante procurou enfatizar que o governo não está preocupado com o "quadro dos outros concorrentes" e elogiou o vigor da base governista. "Temos leque de alianças muito sólido. Mesmo com a saída do PSB, parte importante do PSB não acompanhou a saída. Uma militância representativa ficou no governo, como é o caso do governador Cid Gomes [Ceará]", disse.
Candidaturas estaduais
De acordo com a Folha, o plano do PT é estimular o lançamento de candidaturas próprias e de partidos aliados em redutos do PSB, como o Espírito Santo. Antes do rompimento, o PT pretendia apoiar a reeleição de Renato Casagrande (PSB), indicando seu vice, com o apoio a Paulo Hartung (PMDB) para o Senado.
O partido também vê rompimento iminente com o PSB do Piauí, que se aproximou dos tucanos. Petistas buscarão palanque alternativo no estado, a exemplo do que deve ocorrer em Pernambuco. Lula defende que o PT pernambucano deixe o governo estadual e embarque na campanha do senador Armando Monteiro (PTB).
No Amapá, onde o PT também apoia um governador do PSB, o partido admite a possibilidade da manutenção da aliança, mas petistas relatam que Lula trabalha com a hipótese de convencer José Sarney (PMDB) a se candidatar ao Senado, abrindo espaço em seu palanque para Dilma.
A ameaça de afastamento pressionaria governadores pessebistas. Ao temer isolamento, Casagrande e Camilo Capiberibe, do Amapá, podem aceitar o apoio do PT e, em troca, adotar postura "neutra" na campanha nacional. O PSB também traça seus cenários a partir da perspectiva de rompimento total com o PT, mas internamente admite que o apoio é importante no Espírito Santo e no Amapá.
Governo federal
Ainda segundo Mercadante, Lula elogiou o discurso de Dilma, na abertura da 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas, sobre a espionagem dos Estados Unidos a cidadãos, a integrantes do governo e a empresas brasileiras. “A expectativa deles inclusive é que o Brasil leve adiante essa agenda para que a gente possa manter a mais ampla liberdade, que é a alma da internet, e preservar a soberania, os direitos e garantias dos indivíduos, das empresas, o sigilo, que é imprescindível à convivência democrática”, disse Mercadante, que também se referiu ao encontro que o Brasil vai sediar no ano que vem para discutir a governança da internet em nível mundial.
De acordo com o ministro da Educação, os participantes do encontro com Dilma também fizeram um balanço dos cinco pactos lançados pela presidenta após as manifestações ocorridas em várias cidades do país. Mercadante, que conversou com jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, disse que houve avanços importantes na política do governo após os protestos. “Na área da educação, os royalties da educação, que por duas vezes tinha sido derrubado no Congresso, foi aprovado. O presidente Lula elogiou também a aprovação do Mais Médicos, a presidenta Dilma estava muito contente com a votação”, revelou.
Segundo Mercadante, Dilma e Lula comemoraram a aprovação da mudança nas regras para a criação de partidos, pelo Senado. Eles esperam que a consolidação dos partidos avance com esse novo marco. “Há uma pulverização de partidos, uma fragmentação, [onde há] partido só de deputado, o deputado sai e leva o tempo de televisão, o Fundo Partidário. Assim você não constrói uma representação política”, avaliou. “[Em] todas sociedades que têm uma democracia consolidada, a fidelidade partidária é um valor fundamental”, disse o ministro.
Da redação,
com informações da Folha de S.Paulo e da Agência Brasil