Campanha: Amarildo para Ponte Rio Niterói!

Os blogs Cafezinho e Megacidadania e o núcleo fluminense do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé iniciaram uma campanha para que a Ponte Rio-Niterói tenha seu nome trocado de Ponte Presidente Costa e Silva para Ponte Amarildo de Souza.

 
Fotomontagem: Blog Cafezinho, Megacidadania e Barão de Itararé Rio

Os blogs Cafezinho e Megacidadania e o núcleo fluminense do Barão de Itararé iniciam hoje uma campanha para que a Ponte Rio-Niterói tenha seu nome trocado de Ponte Presidente Costa e Silva para Ponte Amarildo de Souza.

É uma mudança que teria um significado profundamente simbólico e político. Em vez do nome de um general da ditadura, símbolo do totalitarismo, da repressão, da violência contra o cidadão, o nome de um trabalhador assassinado pela Polícia Militar. Foram os trabalhadores como Amarildo de Souza que construíram a Ponte Rio-Niterói. O Brasil pertence aos trabalhadores; ou pelo menos, num regime democrático, deveria pertencer.

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Denunciados

O Ministério Público Estadual denunciou mais 15 policiais militares por participação na tortura e morte do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, na comunidade da Rocinha, no dia 14 de julho. A informação foi divulgada na quarta-feira (22) por promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.

Desses 15 agentes, três tiveram a prisão preventiva decretada: os sargentos Reinaldo Gonçalves e Lourival Moreira e o soldado Vagner Soares do Nascimento. Eles se somarão aos dez policiais militares que já foram denunciados e estão presos, entre eles o major Edson Santos, ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, e o tenente Luiz Medeiros, ex subcomandante da unidade.

Dos 25 já denunciados à Justiça, todos estão sendo acusados de tortura e 17 também responderão por ocultação de cadáver, 13 por formação de quadrilha e quatro por fraude processual.

A nova denúncia de envolvimento de mais 15 policiais foi obtida depois de cinco depoimentos de PMs obtidos pelo Ministério Público. As testemunhas permitiram saber o que ocorreu na noite de 14 de julho. Segundo os promotores, havia 29 policiais militares de serviço na UPP naquele momento.

O major Edson Santos mandou prender Amarildo e levá-lo para a UPP. O objetivo era interrogá-lo para descobrir onde estavam escondidas armas e drogas da quadrilha que controla o tráfico na Rocinha.

Depois de chegar à sede da UPP na comunidade, Amarildo foi levado para os fundos e pelo menos quatro policiais começaram a torturá-lo, de acordo com a promotora de Justiça Carmen Eliza de Carvalho. “Ele foi torturado por meio de asfixia com saco na cabeça, saco na boca, choques de arma taser e afogamento em um balde de água.”

Pelo menos quatro policiais participaram da tortura, segundo o MP: tenente Luiz Medeiros, sargento Reinaldo Gonçalves e os soldados Anderson Maia e Douglas Vital. Além disso, 12 policiais faziam a vigilância da UPP para impedir que qualquer pessoa chegasse ao local e testemunhasse a sessão de tortura. Mais 12 PMs foram obrigados a entrar no contêiner onde funciona a UPP e a ficar lá dentro durante todo o tempo.

Esses policiais puderam ouvir a tortura, inclusive os pedidos de Amarildo para que os policiais parassem. Mas, segundo o MP, depois de 40 minutos, Amarildo não resistiu e morreu. Fez-se silêncio e um dos torturadores entrou no contêiner para pegar uma capa de moto e embrulhar o corpo.

Já embrulhado, o cadáver foi levado para a mata da Rocinha. Os 17 policiais que estavam fora do contêiner foram denunciados por tortura e ocultação de cadáver. Oito dos 12 que estavam dentro da UPP são acusados de tortura por omissão, pois não tentaram impedir o crime, entre eles, o tenente Luiz Medeiros, o sargento Reinaldo Gonçalves e os soldados Anderson Maia e Douglas Vital.

Quatro policiais que estavam dentro do contêiner não foram denunciados porque o MP considerou que eles tentaram impedir a tortura, mas não conseguiram. Os quatro ajudaram com depoimentos.

De acordo com o MP, um policial militar ainda tentou tirar os PMs da UPP do foco das investigações forjando uma ligação. As investigações indicam que o soldado Marlon Campos Reis ligou para um telefone grampeado pela Justiça fingindo ser um traficante da Rocinha e assumindo a autoria da morte de Amarildo. Mas uma perícia do MP detectou que a voz era do soldado e não do traficante.

“Ele e o soldado Douglas Vital foram para o bairro de Higienópolis [na zona norte] com um celular apreendido pela polícia na Rocinha e ligaram para um telefone que eles sabiam que estava sendo interceptado [por investigações da Polícia Civil contra o tráfico na Rocinha]. As antenas [da empresa de telefone] demonstram que os celulares de Marlon e Vital estavam naquele local, na mesma data e hora [da ligação em que Marlon fingiu ser o traficante”, disse a promotora.

Com Blog O Cafezinho e Agência Brasil