Conflito agrário faz mais uma vítima em Honduras
A luta pelo acesso a terra na região do Aguan, em Honduras, continua a fazer vítimas. Na última segunda-feira (21), o alvo foi o camponês Manuel Ochoa, de 48 anos, pertencente ao Movimento Unificado Campesino do Aguan (Muca).
Publicado 29/10/2013 15:24

O homicídio aconteceu no município de Tocoa, departamento de Colon, quando o camponês passava de bicicleta pela propriedade Occidental por volta das 18h30. Durante o percurso ele foi surpreendido por seguranças que estavam armados e não lhe deram chance de defesa. Manuel era casado e deixou quatros filhos.
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A propriedade Occidental é de Miguel Facusse, grande empresário e detentor de terras em Honduras, acusado de ser o mentor intelectual de vários crimes contra ambientalistas e camponeses desde a década de 1990. O entorno de suas terras é totalmente cercado por membros do exército hondurenho, integrantes da operação Xatruch.
Esta operação militar é comandada pelo coronel Germán Alfaro Escalante e causa terror entre os campesinos, pois os militares chegam para desocupar propriedades rurais onde centenas famílias se encontram alojadas. Os relatos são sempre se desocupações violentas que terminam em destruição, saqueio, roubo, prisões arbitrárias e violência.
De acordo com o Muca, Manuel Ochoa é o 112° camponês assassinado no marco da luta pelo acesso a terra na região do Aguan em menos de quatro anos. Este período não por acaso coincide com o golpe de Estado orquestrado no país em 2009, quando o presidente Manuel Zelaya foi derrubado do poder e posteriormente substituído por Porfirio Lobo Sosa. A partir daí inúmeras comunidades campesinas passaram a ser perseguidas e desalojadas, intensificando assim o conflito agrário.
Para que este e os demais crimes não fiquem na impunidade, como vem acontecendo, os integrantes do Muca fazem constantes apelos aos organismos nacionais e internacionais defensores de direitos humanos para que os apoiem na luta por justiça. Também pedem à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que por meio de organismos internacionais investigue a origem do conflito agrário hondurenho para assim fazer recomendações ao governo e ajudar a colocar fim ao derramamento de sangue no campo.
Fonte: Adital