Lula: Queríamos provar que é possível crescer e distribuir renda

Durante participação no encerramento do 2º Fórum Mundial de Desenvolvimento Econômico Local, em Foz do Iguaçu, nesta sexta-feira (1º/11), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou de sua experiência, como presidente e nas Caravanas da Cidadania, quando viajou pelo Brasil conhecendo as realidades locais e o potencial de desenvolvimento do interior do país.

Lula em Foz - Heinrich Aikawa/Instituto Lula

“Eu percorri o país de ônibus, trem e de barco, e em cada cidade que eu chegava, eu fazia reunião com os prefeitos, vereadores, movimentos sociais, sindicatos e empresários. Tinha uma pergunta que eu fazia em todas as reuniões. E eu perguntava em cada câmara de vereadores, se eles já tinham feito reuniões para discutir o desenvolvimento da cidade. Perguntava para os prefeitos se tinham feito com outros setores e nunca tinham feito. É impressionante como as pessoas se acostumaram a achar que as coisas caem do céu”.

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Para Lula, seu desafio quando eleito foi provar que era possível a sociedade ser protagonista do seu desenvolvimento. “Nós queríamos provar que, em vez de de crescer primeiro para distribuir depois, era preciso crescer e distribuir ao mesmo tempo”.

O ex-presidente falou da importância de encontros como esse pela troca de experiências em políticas públicas. “A gente precisa saber que há possibilidades. O que está sendo feito na Bolívia, em Gana, em Moçambique, na Itália. Se a gente souber e aplicar isso a nossa realidade, a gente vai dar um salto extraordinário.”

Lula ressaltou o caráter multiplicador desse tipo de iniciativa. “Vocês não sabem o que um material produzido por vocês aqui pode significar para um cidadão que nem sabe que vocês existem. Porque também não tem uma grande cobertura da imprensa”, disse.

Ele também cobrou a adoção e aplicação pelos municípios brasileiros da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que estabelece preferência em licitações de até R$ 80 mil para pequenos negócios da própria cidade. “Temos que cobrar os prefeitos para fazer a aplicação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que está aprovada em quatro mil municípios, mas só está aplicada em 1500 deles”.

O ex-presidente ainda criticou a atuação de setores conservadores da imprensa brasileira. "A imprensa nacional não tem falado do fórum. Talvez amanhã falem: 'Lula ataca a imprensa'. É fantástico. Eles me atacam todo dia e dizem que me criticam. E eu os critico e eles dizem que os ataco. O dado concreto é este: há uma predisposição para vender desgraça nos meios de comunicação".

Ele afirmou que a provável vitória de Michelle Bachelet nas eleições presidenciais chilenas neste mês será importante para aumentar o número de mulheres no poder na América Latina. "Se a Michelle ganhar, vamos ter a Michelle, a Cristina [Kirchner, presidente da Argentina], a Dilma e a presidente da Costa Rica [Laura Chinchila]", afirmou.

E citou o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), o Bolsa Família, o Luz para Todos, o Minha Casa Minha Vida, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, o Prouni (Programa Universidade para Todos) e a construção de universidades federais.

Segundo ele, os programas federais de transferências de renda garantiram autoestima ao povo e desenvolvimento ao país. "Os pobres, quando têm oportunidade, não são um problema para nenhum país ou governante. Eles são a solução. O desafio que é saber se os governantes terão coragem de colocar os pobres no orçamento", disse.

Organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com o Sebrae, a Itaipu Binacional e o Fundo Andaluz de Municípios para Solidariedade Internacional (Famsi), o evento reuniu mais de quatro mil pessoas de diversos países da África, América Latina, e Europa para discutir experiências e a importância do desenvolvimento local, focado no território, para o crescimento da economia.

Da redação com informações do Instituto Lula e da Folha de S.Paulo