Julgamento de Mursi é adiado no Egito devido a protestos

O julgamento do ex-presidente do Egito, Mohammed Mursi, deposto pelo Exército em julho, foi adiado para 8 de janeiro de 2014, em sessão judicial desta segunda-feira (4). A sessão, realizada em uma Academia de Polícia do Cairo, capital egípcia, foi suspensa duas vezes, como consequência dos protestos de simpatizantes da Irmandade Muçulmana, à qual Mursi faz parte.

Mohammed Mursi - AFP

Dezenas de manifestantes às portas da academia gritavam contra o julgamento do presidente deposto e contra o Exército, que está novamente à frente do governo egípcio.

Mursi havia chego ao tribunal na manhã desta segunda-feira recusando-se a usar o uniforme da sua detenção preventiva. O ex-presidente está preso desde que foi deposto pelo Exército, no dia 3 de julho.

Ele é acusado, assim como outros 14 líderes e membros da Irmandade Muçulmana, de incitação à violência e do assassinato de manifestantes às portas do palácio presidencial, em dezembro de 2012.

Foi a primeira aparição pública de Mursi desde que foi derrubado pelo Exército, que alega dar continuidade à revolução popular e a responder às manifestações de milhões de egípcios contra o governo da Irmandade Muçulmana.

Desde então, ele tem sido mantido preso em um local desconhecido, apesar de diversos líderes instarem o governo interino a liberar o ex-presidente até que o seu julgamento seja concluído.

O primeiro presidente eleito democraticamente do Egito, após a derrubada do ditador Hosni Mubarak (apoiado pelo Exército), Mursi tem papel controverso no desenrolar político do país, assim como a Irmandade Muçulmana, da qual o seu partido Liberdade e Justiça faz parte.

Seu julgamento também tem sido questionado pela alegada politização do processo, assim como o banimento das atividades políticas da Irmandade no país pelo governo interino, a violenta repressão aos manifestantes apoiadores de Mursi (com cerca de 2.000 detidos) e a prisão de diversos líderes do movimento.

Com agências,
Da redação do Vermelho