Líder e mais 1.500 rebeldes congoleses entregam-se em Uganda

O líder do grupo paramilitar M23, da República Democrática do Congo, Sultani Makenga, entregou-se a oficiais do Uganda, de acordo com o portal All Africa, nesta quinta-feira (7). Junto com o seu líder, cerca de 1.500 combatentes também se entregaram, já que o grupo resolveu depor as armas e optar pelo diálogo político com o governo congolês.

República Democrática do Congo - Michele Sibiloni/AFP/Getty Images

As tropas da Missão de Estabilização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (Monusco) e o Exército congolês consideram a deposição das armas pelos rebeldes uma importante conquista, segundo o All Africa.

A Monusco tem se envolvido ativamente nos combates do leste da RDC pela primeira vez, já que o seu mandado foi aprofundado recentemente. Entretanto, observadores locais lembram que a paz não poderá ser alcançada através da força, e será crucial a condução das negociações com o M23 e a reintegração dos combatentes.

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O Congresso Nacional para a Defesa do Povo (denominado M23 por causa do acordo assinado com o governo em 23 de março de 2009, depois renegado pelos rebeldes) comprometeu-se com o processo de desmobilização, desarmamento e reintegração (DDR, no conceito da resolução de conflitos) e com a opção pelos meios políticos não armados.

As autoridades do Uganda, vistas pelo governo congolês como colaboradoras dos rebeldes, afirmaram que o líder do M23 havia se entregado na quinta, conduzindo também mais 1.500 combatentes, que se somam às centenas que já entregaram as armas na própria RDC. O governo ugandês afirmou que os rebeldes serão abrigados em um local não informado, até que o governo congolês e o M23 cheguem a um acordo de paz.

No início da semana, autoridades africanas como o Uganda e a África do Sul participaram de uma reunião com as congolesas para dialogar sobre o conflito.

A alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, coloca Makenga e os rebeldes que lidera “entre os priores perpetradores de violações dos direitos humanos na RDC, ou até no mundo”. Muitos deles são acusados de terem cometido crimes de guerra.

O líder Bosco Ntaganda, por exemplo, seria detido a pedido do Tribunal Penal Internacional (TPI), sob as acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, mas ele entregou-se à Embaixada dos Estados Unidos no Ruanda, no começo do ano, e foi extraditado para Haia, na Holanda, onde fica o TPI.

O evento é posto como um dos motivos mais fortes para a escalada da violência no país, já que as tropas que Ntaganda liderava teriam se rebelado e passado a atuar com maior abrangência. Ainda, a morte de um membro da Monusco, um soldado da Tanzânia, também impulsionou a ONU a tomar um papel mais ativo nos confrontos.

A violência armada no leste da RDC eclodiu em 1994, quando milícias do grupo étnico hutu cruzaram a fronteira desde o Ruanda, após o genocídio cometido contra os tutsis e outros hutus moderados. Atualmente, divergências políticas sobre a estruturação governamental vinham tomando dimensões abrangentes e intensificado os conflitos.

Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho