Adalberto: o PCdoB foi pioneiro em defender amplas alianças 

Em sua intervenção durante o 13º Congresso do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – realizado entre os dias 14 a 16 de novembro, no Anhembi, em São Paulo – o membro da Comissão Política do Partido, Adalberto Monteiro destacou que o PCdoB foi pioneiro em defender e buscar amplas alianças, e ressaltou a importância da luta pelo Programa Socialista defendida pelo Partido. Segundo ele, o projeto é capaz de inserir o Partido no pulsar da luta de classes, da luta política, social e de ideais do país.

Confira a íntegra da intervenção:

Duas vertentes de um salutar pensamento crítico e construtivo afloraram nos debates do 13º Congresso. Tais vertentes são demonstrações da vitalidade da militância comunista. A primeira problematiza o ritmo e o volume do crescimento orgânico do Partido, e a sua acumulação de forças político-eleitoral, crescente gradativa e contínua. A segunda vertente vem das reações do coletivo militante contra pressões ideológicas que atuam para rebaixar o papel estratégico do Partido. Tais pressões são oriundas do cerrado ataque da usina de ideias do capitalismo e mesmo de concepções e condutas errôneas que surgem entre nós.

Vejamos a primeira vertente. Surge aqui uma benévola e instigante inquietação: A expansão e o fortalecimento do Partido nas suas múltiplas dimensões não poderiam ter sido em ritmo e volume maiores?

Considero impulsionadora, o conteúdo desta pergunta. Posto que a um só tempo ressalta a boa colheita do último quadriênio mas indaga se a semeadura e a colheita não poderiam ter sido mais fartas.

Dez anos de intervenção política orientada pelas diretrizes da 9ª Conferência e pelo Programa Socialista proporcionaram a expansão e fortalecimento do PCdoB. Destaca-se: o Partido expandiu-se cultivando sua identidade comunista. O ritmo e o volume da expansão derivam, primeiro,do tipo de crescimento que optamos. Abrimos as portas do Partido para acolher o engajamento de milhares de lideranças e de expressivas personalidades políticas, mas com critério e método. A expansão para fortalecer a essência revolucionária da legenda comunista e não o oposto. Segundo, temos que considerar o sistema partidário eleitoral vigente baseado no financiamento privado das campanhas, como fator que bloqueia um crescimento maior das forças autenticamente de esquerda.Terceiro, para que não haja voluntarismo no nosso crivo crítico, a expansão da legenda comunista ainda enfrenta os condicionantes históricos de defensiva estratégica das forças revolucionárias. Não estamos vivendo ainda numa época histórica na qual os partidos comunistas fora do poder estejam crescendo em grandes escalas.

Em razão da coerência revolucionária do PCdoB e de seu papel nos governos Lula e Dilma, o Partido se tornou alvo do ataque que o sistema de oposição desfere contra a esquerda. Ataques que o Partido unido e coeso tem repelido, mas que obviamente provoca danos.

Tais argumentos todavia não são para se contrapor antagonicamente a aspiração que postula um crescimento do PCdoB em ritmo maior.

Na minha opinião uma das conclusões importantes desse 13 Congresso é que o PCdoB tem chão para crescer.

O patamar a que chegou o Partido, as condições políticas favoráveis, as janelas de oportunidade que surgem da grande crise global do capitalismo e o lugar e o papel que o PCdoB ocupa no país, esse conjunto de fatores nos indicam que a legenda comunista tem chão para adquirir uma expansão ainda maior e melhor.

A segunda vertente de pensamento crítico e construtivo se referem as sadias reações , a vigilância do coletivo,contra as pressões ideológicas que atuam para rebaixar o papel estratégico do PCdoB. Se ressaltam os êxitos alcançados na esfera de sua construção orgânica, ideológica e política. Todavia as vitórias não “embriagam” a militância comunista. Temos justificado orgulho de nossas realizações, mas também plena consciência das deficiências, das lacunas, dos problemas,– parte deles derivado da própria expansão auferida.

Contudo, o soar dessas clarinetas tem um significado de alerta , não se confundem com pânico ou medo. A militância está confiante, o Partido está seguro,pois que está apetrechado, com o pensamento revolucionário original que nos orienta (Estatutos, Programa Socialista, Política de Quadros). Está seguro, também, pelo resultado concreto, configurado no Partido real que chega ao 13º Congresso: um partido de esquerda, revolucionário em expansão.

Por último, e talvez mais importante: a convicção de que podemos elevar ainda mais o papel político do PCdoB, vem das ideias iluminadoras do Programa Socialista que regem a ação e a construção do Partido.

O Programa difundiu no âmbito do campo político e social avançado a necessidade e a viabilidade da alternativa do socialismo. Assim, para os comunistas, as realizações dos governos Lula e Dilma não são um fim em si mesmo, mas passos concretos nas trilhas do caminho brasileiro para o socialismo.

A sustentação da alternativa do socialismo não se deu, portanto, por pregações doutrinárias. O caminho, o Novo Projeto Nacional, deu concretude ao rumo. A transição ao socialismo entra no horizonte, deixa de ser um ente idílico de um futuro longínquo. As forças avançadas são chamadas a desbravá-lo nas adversidades do presente. Foi o que fez o PCdoB nestes dez anos: sempre impulsionando o governo para acelerar as mudanças, e realizar as reformas estruturais democráticas como o modo e meio de fortalecermos a Nação e assegurarmos que parcelas cada vez maiores da riqueza sejam canalizadas para elevar a qualidade de vida dos trabalhadores e do povo.

O PCdoB foi pioneiro em defender as alianças amplas, mas, simultaneamente, sempre ressaltou que elas deveriam ser lideradas pela esquerda. Desde a primeira hora, o Partido ressaltou o papel da luta social como força motriz das mudanças e para tal os movimentos e as centrais dos trabalhadores deveriam preservar sua autonomia, buscar a unidade em torno de plataformas representativas dos anseios das massas e realizar mobilizações de envergadura.

Por uns tempos, é verdade, a defesa que o PCdoB faz das reformas se assemelhou à pregação no deserto. As três vitórias consecutivas (2002, 2006, 2010) pareciam dar razão às forças políticas que menosprezavam o anseio reformista. Contudo, os efeitos da crise capitalista, o crescente ataque do sistema de oposição, o alerta disparado pelas grandes manifestações de junho e a “guerra política” que se anuncia em torno da sucessão de 2014, ressaltam o caráter imperativo da realização das reformas democráticas.

Aprovado no 12º Congresso (2009), o Programa Socialista, foi testado, desde então, em quatro anos de combates. Um Programa que, pelo teste da vida, se revela factível e capaz de inserir o Partido no pulsar da luta de classes, da luta política, social e de ideais do país.