Morre Doris Lessing, ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura

Britânica nascida no Irã, a escritora Doris Lessing morreu neste domingo (17), aos 94 anos. A causa da morte não foi divulgada. Lessing foi a pessoa mais velha a ganhar um Nobel de Literatura, em 2007 – ela tinha então 88 anos.

Doris Lessing - Foto: Getty Images

"Ela era uma escritora maravilhosa com uma mente fascinante e original; foi um privilégio trabalhar para ela e vamos sentir imensamente sua falta", disse seu agente Jonathan Clowes.

Dos seus mais de 50 livros publicados, alguns foram lançados no Brasil, como "As Avós", "O Sonho Mais Doce", "Alfred e Emily", "Amor de Novo" e "Debaixo da Minha Pele".

Lessing abordou raça, ideologia, política de gênero e os funcionamentos da psique em uma carreira engenhosa e muitas vezes iconoclasta.

Doris May Lessing nasceu no Irã, mas cresceu no Zimbábue. Em 1949, mudou-se para o Reino Unido. Publicou o primeiro livro, "The Grass is Singing", em 1950. Em 1962, o romance "O Carnê Dourado" foi aclamado pela crítica e fez de Lessing uma autora mundialmente conhecida.

Lessing casou-se duas vezes e teve três filhos.

"Pessoas que nunca ouviram falar de mim vão comprar meus livros. Agora vou ganhar algum dinheiro", disse a escritora logo depois de ganhar o Nobel.

O sul-africano J.M. Coetzee afirmou que Lessing era "uma das grandes romancistas visionárias do nosso tempo".

A obra de Doris Lessing

Sua obra é um mosaico das tensões políticas e sociais do século 20, retratando transformações políticas e comportamentais, como o papel da mulher na sociedade, os rumos da esquerda, o comunismo, o colonialismo africano. Seu flerte com a literatura de gênero, com a saga espacial Canopus em Argos, fez a cabeça dos leitores dos anos 70 e 80, principalmente da geração desbunde, que buscava novas respostas em valores interiores e estava mais preocupada com a revolução comportamental e social do que com as alternativas da luta armada. Quando venceu o Nobel, em 2007, sua primeira reação foi de aborrecimento. Ela tinha certeza de que já havia produzido o que havia de melhor em sua ficção décadas antes e já não esperava mais a láurea àquela altura da vida.

Ela também é autora de dois volumes de memórias, Debaixo da Minha Pele (1994) e Andando na Sombra (1997). O primeiro narra os primeiros 30 anos de vida da autora, de 1919 até 1949, ano em que se muda do Zimbábue. O segundo retoma a narrativa e vai até o ano de 1962.

Com agências