Lavagem da Estátua de Zumbi reafirma luta pela igualdade racial

O 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, é marcado por diversas atividades em todo o Brasil. Em Salvador, não podia ser diferente, já que a capital baiana é a cidade mais negra fora da África. Na tarde desta quarta-feira (20/11), a população soteropolitana esteve reunida na praça da Sé, Centro Histórico, para participar da lavagem da estátua de Zumbi dos Palmares.

 

Organizada pela Unegro, CTB, Coletivo de Entidades Negras, Instituto Luiz Gama, Associaçãodas Baianas de Acarajé e Mingau da Bahia (ABAM), Coletivo Martin Luther King Jr, entre outras, a lavagem teve come tema principal A legítima defesa das baianas do acarajé. A escolha se deu por causa da retirada das baianas nas areias das praias de Salvador.

Após um cortejo pelas ruas do Centro Histórico, as baianas chegaram até a estátua de Zumbi e realizaram a lavagem. Na ocasião, a representante da ABAM, Janice Laranjeiras, declarou que as baianas de acarajé não podem ser desrespeitadas dessa maneira. “Nós não queremos esmolas. Queremos respeito e reconhecimento, pois precisamos trabalhar. Salvador não pode ser modificada para os turistas. Os turistas precisam ver a cidade como ela é”, declarou.

Presente na celebração, Jerônimo Silva Júnior, dirigente da Unegro, disse que a celebração do 20 de novembro é fundamental para conscientizar a população sobre a importância de Zumbi dos Palmares. “Esse monumento deveria ser mais valorizado pela prefeitura. Além dessa homenagem, nós queremos alertar para o cuidado com a praça e a estátua. Uma das maiores batalhas do movimento negro é transformar essa data em feriado nacional, já que os negros são mais de 51% da população brasileira.”

Para o vereador de Salvador, Everaldo Augusto (PCdoB), o ato é essencial, pois Salvador é a cidade mais negra do Brasil e precisa comemorar essa data. Além disso, ele acredita que o momento é de celebrar as conquistas históricas e as políticas também.

“Os negros conquistaram políticas afirmativas e de enfretamento ao racismo. A Unegro deve convocar o povo para ir às ruas, buscar cada vez mais conquistas. Nós lutamos e esperamos acabar com o racismo institucional, que muitas vezes não é visível, mas funciona como estratégia das elites para evitar a ocupação de negros em importantes postos profissionais”, afirma Everaldo.

Igualdade Racial

Para Ubiraci Matilde, importante militante do movimento negro e integrante da Unegro, a data é um dia de celebração aonde a população negra reverencia Zumbi dos Palmares. “Em pleno século XXI, nós temos que nos debruçar sobre os avanços que já tivemos, mas precisamos avançar ainda mais no processo de igualdade entre negros e brancos.”

Ubiraci afirma ainda que é necessário lutar pela igualdade racial, principalmente em relação as mulheres negras, que continuam na base da pirâmide social.

De Salvador,
Ana Emília Ribeiro