Lejeune Mirhan: Custos da agressão à Síria

Acabo de ver um pequeno despacho da agência Bloomberg, especializada em economia, de que a agressão à Síria em 2 anos e meio teria custado pelo menos US$ 800 bilhões. No câmbio paralelo de hoje, 18 de novembro, isso significa algo em torno de R$ 1,92 trilhões.

Por Lejeune Mirhan*

É muito dinheiro. Sei que os EUA não entraram com todo esse dinheiro. Isso veio dos países de governos reacionários do Golfo, em especial Arábia Saudita e Catar.

A pergunta que não quer calar é: porque se gastou esse dinheiro todo para derrubar o presidente do único país laico da região e dos mais antigos do mundo? Por que gastou-se essa imensa fortuna para deslocar de suas casas três milhões de sírios e sírias? Porque gastou-se esse dinheiro para matar cem mil pessoas, deixando milhares de crianças órfãs de pais e mães?

Mais uma vez a história condenará o brutal erro cometido pelo presidente dos EUA. George W. Bush em 2003 agrediu o Iraque e lá enterrou US$ 4 trilhões para impor a dominação e a hegemonia estadunidense. Agora a cifra chega a quase US$ 1 trilhão. A um custo de vidas elevadíssimo.

Mas, mais do que isso, a destruição do país. Praticamente arruinado pelos ataques, pelos atentados terroristas perpetrados covardemente por invasoras estrangeiros vindos de mais de 60 países. É a guerra “santa” contra um país estruturado, milenar, com vida organizada, com partidos políticos funcionando, com imprensa funcionando.

Pretendeu-se com isso desalojar do poder um presidente querido pelo seu povo, com popularidade elevada, com mais de 70%. Será inclusive reeleito no pleito marcado para 2014.

Já o lamentei publicamente e o faço mais uma vez: parte da dita esquerda no Brasil e no mundo diz que na Síria está em curso uma “guerra civil” (sic) e alguns chegam a falar em “revolução popular”. Balela.

O que vemos ali é uma forte agressão a um povo e tentativa de destruir, de desmontar um estado nacional de caráter anti-imperialista, antissionista e que defende a soberania nacional. Mais do que isso: fazem a defesa de um secularismo e um nacionalismo árabe, patriótico e popular, da qual o imperialismo estadunidense e europeu tem o maior pavor.

Quanto custará a reconstrução da Síria? quanto custará para trazer de volta os milhões que tiveram que sair do país? Quanto custará para reequipar o exército nacional? A quem interessa uma Síria fraca, alquebrada, desmoralizada? Aos que querem subjugar o mundo árabe e o que restou de soberania desses países.

Querem destruir a liderança árabe avançada, progressista. Mas, tenho certeza, serão derrotados.

*Sociólogo, professor, escritor e arabista.