China denuncia invasão aérea dos EUA em região disputada

O porta-voz do Ministério da Defesa Nacional da China, Geng Yansheng, afirmou nesta quarta-feira (27) que a China é capaz de controlar e administrar efetivamente a Zona de Identificação da Defesa Aérea do Mar do Leste. Yansheng respondeu a uma questão sobre a entrada de dois bombardeiros B-52 dos Estados Unidos nesta zona, no dia anterior, para sobrevoar as Ilhas de Diaoyu, disputadas entre o país e o Japão, no Mar do Leste da China.

Ilhas de Diaoyu - Reuters

A China vem advertindo o Japão contra posturas agressivas e apelando ao diálogo na resolução da disputa no Mar do Leste da China, onde as forças de autodefesa japonesas (Exército, Marinha e Aeronáutica de estatuto diferenciado desde a derrota na Segunda Guerra Mundial) têm conduzido operações em conjunto com os Estados Unidos.

A Zona de Identificação da Defesa Aérea do Mar do Leste é uma nova definição de espaço aéreo declarada no sábado (23), com o intensificar das tensões. O anúncio reflete o protesto da China contra os destacamentos de vigilância e inteligência reunidos pelos militares norte-americanos no mar e no espaço aéreo das fronteiras do país.

Para Alexander Neill, do Instituto Internacional para estudos estratégicos (IISS), citado pela emissora britânica BBC, a demarcação de uma zona de defesa área representa uma tomada de posição “que pode trazer riscos para a região”.

A medida, entretanto, enquadra-se no empenho do governo chinês de proteção da sua integridade territorial, sobretudo no tocante à disputa pelas ilhas Diaoyu (ou Senkaku, para o Japão).

Segundo o próprio Neill, a proximidade da 7ª Frota estadunidense e as operações regulares dos militares norte-americanos na zona de defesa chinesa mostram que os EUA ainda se contrapõem aos protocolos de identificação aérea exigidos pela China, e isto também pode ser aplicado aos militares japoneses.

Disputa histórica pelas Ilhas de Diaoyu

A disputa territorial pelas Diaoyu tem escalado recentemente. Os chineses afirmam que, de acordo com a Declaração de Potsdam sobre a rendição do Japão em 1945, as ilhas fazem parte dos territórios a serem devolvidos à China.

Entretanto, o Japão alega presença histórica no território. Segundo o pesquisador japonês Tadashi Ikeda, por exemplo, o país “sempre controlou as ilhas”, com a exceção do período de ocupação pelos EUA.

De acordo com a China, entretanto, documentos históricos revelam a presença chinesa nas ilhas desde o século 15, mas no final no século 19 (durante a Primeira Guerra Sino-Japonesa), o Japão anexou os territórios, no contexto da sua política colonialista e agressora contra a China.

O próprio Ikeda reconhece a “aquisição” dos territórios pelo Japão nesta época, alegando que o processo correspondeu ao direito internacional, “antes do Tratado de Shimonoseki”, que finalizou a Primeira Guerra Sino-Japonesa. A anexação de territórios tem sido rechaçada historicamente, sobretudo quando o processo é de ocupação militar, através do uso da força.

Além disso, em 2012, o governo japonês anunciou a compra das ilhas, que estavam sob controle privado desde que os Estados Unidos (que ocupavam o território desde o fim da Segunda Guerra Mundial) as repassaram aos japoneses, na década de 1970, na época da descoberta de potenciais reservas de petróleo na região.

Com informações das agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho