Mais pobres pagam o preço da "austeridade" no Reino Unido
A maior queda nos padrões de vida no Reino Unido desde a era vitoriana está agora colocando pessoas de rendimento baixo e médio em condições sem precedentes, enquanto as medidas de arrocho, chamadas de “medidas de austeridade” pelas instituições internacionais credoras, continuam a avançar. De acordo com uma matéria do jornal britânico The Independent, uma pesquisa publicada nesta segunda-feira (9) mostra que as mulheres e os trabalhadores de meio período são desproporcionalmente afetados.
Publicado 09/12/2013 09:09

Mais de cinco milhões de pessoas estão oficialmente classificadas como de remuneração baixa, e um número crescente de trabalhadores do setor público estão lutando por chegar ao fim do mês, de acordo com o instituto de pesquisa da Fundação da Nova Economia (New Economics Foundation, NEF).
Sua pesquisa adverte: “Os trabalhadores de rendimento baixo e médio estão experimentando o maior declínio dos seus padrões de vida desde que avaliações confiáveis começaram [a ser feitas], em meados do século 19”.
A NEF calculou que o setor público agora emprega um milhão de trabalhadores de remuneração baixa, o dobro da estimativa anterior, com o pessoal de saúde e assistência social, assistentes escolares e funcionários dos conselhos presos nos baixos rendimentos.
Assistentes de venda e trabalhadores do varejo formam o maior grupo de funcionários de baixa remuneração no setor privado, com números expressivos que trabalham como garçons, em bares e caixas.
O estudo responsabiliza a queda contínua de rendimento líquido no congelamento de salários e aumentos salariais abaixo da inflação, o que leva a pagamentos que continuam ficando abaixo dos preços.
Empobrecimento das famílias trabalhadoras
Uma pesquisa diferente, da Fundação Joseph Rowntree, concluiu no domingo (8) que, pela primeira vez, o número de famílias trabalhadores vivendo na pobreza excede aquelas que não têm qualquer membro empregado.
Os custos de vida subiram na agenda política nos meses recentes, e o Partido Trabalhista alega que a média está com menos 1.600 libras (R$ 7.000) de rendimento, em comparação com 2010, quando a atual coalizão governamental assumiu o poder.
Ministros rebatem, por outro lado, que a recuperação econômica está a caminho, com o aumento continuado dos níveis de emprego, e que tomaram medidas para reduzir o preço dos combustíveis e da energia elétrica, assim como para aumentar as reservas de impostos sobre os rendimentos.
Entretanto, um em cada quatro funcionários de autoridades locais está atualmente sob baixa remuneração, o que é definido em menos de 60% do rendimento médio nacional, o equivalente a 7,47 libras por hora, ou 13.600 libras por ano (R$ 51.829).
Helen Kersley, uma economista líder no instituto, disse: “Até agora, assumiu-se que a remuneração baixa estava confinada às margens do setor público. Mas levando em consideração os 500.000 trabalhadores de salário baixo empregados por fornecedores de serviços terceirizados, pode-se ver que o problema é bem maior do que isso.”
Enquanto conselhos locais que estão no aperto concedem contratos aos fornecedores mais baratos, esses trabalhadores estão frequentemente em pior condição do que seus correspondentes empregados diretamente pelo setor público.
Karen Jennings, secretária-geral adjunta do Unison (um dos maiores sindicatos britânicos), que encomendou o relatório, disse: “Os salários estão sendo comparados com aqueles dos piores ramos do setor privado (…), o setor público precisa começar a provar que a sociedade se beneficia [quando há] salários decentes.”
Frances O’Grady, secretário-geral do Congresso dos Sindicatos (TUC, na sigla em inglês), disse: “O chanceler [ministro das Finanças no Reino Unido] diverte-se em seus ataques contra os padrões de vida daqueles que educam e cuidam das nossas famílias.”
Com informações do The Independent,
Da redação do Vermelho