Assad Frangieh: A geografia do Califado da Al-Qaeda

Com o apoio logístico de armas, munições, inteligência e facilidades para agregar militantes de todos os países, o Líbano, a Jordânia, a Turquia e a Arábia Saudita tornaram-se o corrimão da esteira desses grupos em direção à Síria e ao Iraque.

Por Assad Frangieh*, no Oriente Mídia

Entre os grupos de ideologia Takfiristas, Wahabistas e Jihadistas ( três facções que pregam o Califado Islâmico ao invés do Estado Independente), o Exército Islâmico do Iraque e do Levante constitui a organização melhor disciplinada e organizada.

Apesar de atuar em grupos pequenos de 20-100 homens, tais grupos seguem a hierarquia e as ordens de seu “Estado Maior”. Os mapas abaixo mostram como na geografia, os acontecimentos na Síria e antes do Iraque acabaram definindo uma geografia da Al-Qaeda.

A linha vermelha é a fronteira da Turquia com a Síria, a linha azul é a fronteira da Turquia com o Iraque, a linha amarela é a fronteira do Irã com o Iraque, a linha verde é a fronteira Síria como o Iraque, a linha laranja é a fronteira da Jordânia e a linha lilás é a fronteira da Arábia Saudita. O mapa mostra também as fronteiras do Kuwait.

A área hachurada em preto é a região onde Al-Qaeda consegue se movimentar com maior liberdade, apesar dos confrontos ao nordeste com os curdos e ao sul com o Exército Sírio. Esta área se estende desde Azaz, na Síria, na região rural de Alepo, e vai ao leste até próximo de Bagdá. São quase 900 quilômetros de leste ao oeste. No Iraque, a presença de comunidades sunitas em proporções maiores ao noroeste da capital acabou criando, em certas regiões, áreas simpatizantes da Al-Qaeda, ou simplesmente contrárias ao Governo Central, apelidadas de “berços protetores”.

A imagem mostra os dois estados iraquianos (Al-Anbar, ao sul, e Salah Al Dinn, ao norte) onde a movimentação e a concentração da Al-Qaeda são maiores. Na atual ofensiva do Exército iraquiano, os militantes receberam duros golpes ao longo da fronteira com a Síria, principalmente na passagem de Bou-Kamal. Fala-se em centenas de militantes mortos.

As cidades em vermelho no Estado de Al-Anbar (Hit, Ramadi, Habbanyah) mostram onde houve fortes confrontos com recuo principal dos militantes em direção à Falluja. Ao noroeste de Bagdá, principalmente em Samarra e Tikrit, a presença do Exército iraquiano é mais intensa e recebe o apoio da maioria dos chefes tribais habitantes da região.

Da fronteira da Síria até as cidades “acolhedoras” da Al-Qaeda, muitas delas habitadas por ex-oficiais de Saddam Hussein e seus familiares, há uma distância de 350 a 450 quilômetros.

As montanhas mais ao sul também representam um importante reduto para campos de treinamento, guarda de munições e esconderijos e tem na sua retaguarda a fronteira da Arábia Saudita e ao sudoeste, a fronteira da Jordânia. São imensas áreas para supervisionar, porém, sem importância vital, em razão da ausência de aglomerados populacionais.

*Assad Frangieh é editor do portal de análises geopolíticas Oriente Mídia.

Fonte: Oriente Mídia