Força-tarefa inicia investigação sobre a Guerrilha do Araguaia

As investigações sobre a Guerrilha do Araguaia serão acompanhadas por uma força-tarefa, criada pelo Ministério Público Federal (MPF), que dará início aos trabalhos a partir desta terça-feira (7), com prazo inicial de seis meses, passível de prorrogação.

Os procuradores Antônio do Passo Cabral, Luana Vargas Macedo, Melina Alves Tostes, Sérgio Gardenghi Suiama, Ivan Cláudio Marx, Tiago Modesto Rabelo e Marlon Alberto Weichert vão atuar conjuntamente com os procuradores de Marabá (PA) Mara Elisa de Oliveira e Henrique Hahn Martins de Menezes.

Segundo informações da imprensa, a primeira reunião presencial do grupo será no mês de fevereiro, em Brasília, para estudar documentos e definir teses de argumentação. O primeiro passo será de análise dos documentos pelos procuradores.

A portaria que criou a força-tarefa foi publicada no dia 6 de dezembro de 2013 no Diário Oficial da União. Em 2010, a Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou o Estado brasileiro por violações no combate à guerrilha. De acordo com o tribunal, o Brasil é responsável pelo desaparecimento de 62 pessoas durante a guerrilha e deve investigar o caso por meio da Justiça Comum, identificando os culpados sem beneficiá-los com a Lei de Anistia.

O procurador Ivan Cláudio Marx, de Santa Maria (RS), explicou que a força-tarefa foi criada para apoiar o trabalho dos procuradores de Marabá. “Para dar o efetivo cumprimento à decisão da Corte Interamericana, que pede para investigar os crimes que ocorreram durante a Guerrilha do Araguaia, seria impossível levar uma investigação a contento apenas com os dois membros [do MPF] que estão lotados em Marabá”, ressaltou.

Atualmente, existem duas denúncias feitas pelo Ministério Público Federal relacionadas à Guerrilha do Araguaia. Uma delas contra o coronel da reserva do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura e outra contra o major da reserva Lício Augusto Maciel, ambas por crimes de sequestro qualificado.

Segundo Marx, os procuradores deverão analisar esses casos e os procedimentos que serão tomados. “O objetivo da investigação é também identificar outros casos e o que aconteceu com as outras vítimas, localizando os responsáveis por eventuais sequestros, ocultação de cadáveres, homicídios e torturas e entrar com a correspondente ação penal”, explicou.

Movimento de resistência

A Guerrilha do Araguaia foi um movimento criado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) que surgiu entre fins da década de 1960 e a primeira metade da década de 1970. Este destacado movimento de resistência contra a ditadura militar e de luta pela conquista da democracia procurou fomentar a revolução socialista pelo campo. Combatida pelas Forças Armadas a partir de 1972, quando vários de seus integrantes já haviam se estabelecido na região, o palco das operações de combate entre a guerrilha e os militares se deu onde os estados de Goiás, Pará e Maranhão faziam divisa.

Após 41 anos, a Guerrilha do Araguaia permanece sem conclusão. Os documentos oficiais permanecem sob sigilo. Os restos mortais de guerrilheiros continuam desaparecidos.

Da Redação,
Com Agência Brasil