Premiê do Timor-Leste anuncia que vai deixar o governo

O primeiro-ministro do Timor-Leste, Xanana Gusmão, um dos antigos líderes da resistência contra a ocupação indonésia e ex-presidente, anunciou nesta quinta-feira (9) que deixará o cargo em breve. A notícia não foi surpresa, já que o premiê havia afirmado à agência portuguesa de notícias Lusa, em novembro de 2013, que deixaria o cargo até 2015.

Timor-Leste Xanana Gusmão - AP Photo

Xanana Gusmão foi o primeiro presidente eleito no Timor Leste, colonizado por Portugal até 1975, quando conquistou a independência, mas logo em seguida, foi invadido pela Indonésia.

Chefe do Governo e antigo líder da resistência armada à ocupação indonésia, Xanana disse, nesta quinta, que fará mudanças no Executivo em agosto, antes de se retirar. Justificou as mudanças com a intenção de facilitar o acesso de novas gerações à vida política do país.

A intenção de deixar o governo foi anunciada na discussão do Orçamento do Estado para 2014. Xanana disse ter informado o atual presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, antes do Natal, segundo o portal neozelandês Scoop.

"Informei o presidente que a minha decisão de sair não se alterou. Apenas mudou a data para algures em 2014. Sinto que primeiro têm de ser preparadas as condições", afirmou. Temos que continuar a ajudar as novas gerações a começar a assumir responsabilidades e a estar melhor preparadas.”

A Organização das Nações Unidas (ONU) considerou o Timor Leste um território a ser descolonizado por Portugal até 1999. Neste ano, um referendo realizado no país, conforme o disposto pela ONU, garantiu a independência timorense e a retirada da ocupação indonésia, completa apenas em 2002.

Ex-líder da resistência, Xanana ocupa cargos de topo na administração timorense desde então. Foi presidente da República durante cinco anos, até 2007, ano em que se tornou primeiro-ministro. Atualmente, lidera o governo resultado das eleições de julho de 2012.

Em 2007, o partido então formado por Xanana, o CNRT (Conselho Nacional de Reconstrução de Timor-Leste) foi o segundo mais votado, atrás da Fretilin (Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente), à qual o premiê pertencia à época da resistência. Xanana acabou por liderar uma coligação que assegurou a maioria dos lugares do Parlamento.

Em 2012, o CNRT venceu as eleições e aumentou o número de deputados, mas não conseguiu maioria absoluta. Constituiu de novo um executivo de coligação. Do Governo fazem também parte o Partido Democrático, do vice-primeiro-ministro, Fernado La Sama de Araújo, e a Frente para a Mudança, do ministro dos Negócios Estrangeiros, José Luís Guterres.

Citado pelo portal, o editor do jornal Tempo Semanal, José Belo, identificou três nomes como possíveis candidatos à substituição de Xanana: o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Ágio Pereira; o ministro da Justiça, Dionísio Babo Soares; e o ministro da Educação, Bendito Freitas.

Da redação do Vermelho,
Com informações do jornal português Público