General Al-Sisi diz que pode concorrer à presidência do Egito

Mais protestos foram noticiados neste domingo (12), na capital do Egito, Cairo, dois dias antes da realização do referendo sobre a nova Constituição, nesta terça (14). A polícia egípcia reagiu aos protestos ainda contra a deposição do ex-presidente Mohammed Mursi, em julho passado, e contra o governo interino e a comissão constituinte, respaldados pelo Exército que o destituiu. No mesmo sentido, o general Abdel Fattah al-Sisi, que liderou o episódio, disse que poderá concorrer à Presidência.

General do Egito - AFP

Meio ano após a destituição de Mursi, cujo Partido Liberdade e Justiça é filiado à Irmandade Muçulmana, a incerteza sobre o rumo político do país ainda causa tensões. Os protestos continuam, inclusive entre não filiados à Irmandade, que está legalmente banida do cenário político pelo governo interino.

Com a derrubada, em 2011, do general Hosni Mubarak, que governou o Egito por três décadas, o país ainda não viu um momento de estabilidade política, e as Forças Armadas estão de volta no respaldo do governo. O general Abdel Fattah Al-Sisi, que liderou o Exército na deposição de Mursi, após meses de protestos massivos contra o seu breve governo, disse no sábado (11) que, caso haja “demanda popular”, poderá se candidatar à Presidência.

Enquanto isso, ele convocou os egípcios a comparecerem “com firmeza” para o referendo sobre a Constituição, elaborada por uma comissão de 50 membros, nomeada pelo governo interino. O referendo deve acontecer na terça e na quarta-feira (15).

Caso seja aprovada a nova Carta, autoridades egípcias dizem que o caminho para a candidatura de Al-Sisi estará aberto, e que o referendo é uma espécie de teste de popularidade. Depois deste, as eleições presidenciais e parlamentares também serão realizadas, embora as autoridades egípcias ainda não tenham definido a sua ordem.

O referendo tem sido classificado como o primeiro passo da transição democrática no Egito, depois da deposição de Mursi pelo Exército, em julho, como resposta a protestos massivos contra o seu governo de um ano, com medidas vistas por alguns manifestantes como tentativas de “islamizar” o país.

Entretanto, manifestações contrárias à deposição do ex-presidente, inclusive pelos que dizem não ser filiados à Irmandade Muçulmana, continuam sendo registradas nas maiores cidades, como o Cairo e Alexandria. Neste domingo (12), a polícia atirou gás lacrimogêneo contra estudantes da Universidade de Al-Azhar e da Universidade de Ain Shams, e cerca de 20 deles foram detidos.

Mulheres presas durante os protestos também têm denunciado tratamento abusivo, como testes de gravidez e virgindade, conduzidos por imposição nas delegacias.

O Exército informou que destacou 160.000 soldados para guardar cerca de 30.000 estações de votação durante a realização do referendo.

Da Redação do Vermelho,
Com informações das agências