Angola pontua esforços para promover a paz e integração regional

O presidente da Angola, José Eduardo dos Santos, manifestou-se a respeito dos conflitos na região oriental do continente africano, mas pontuou compromissos fundamentais para a garantia da estabilidade, da integração regional e da consolidação da paz. Santos deu um discurso durante o encerramento da 5ª Cúpula de líderes da Região dos Grandes Lagos, nesta quarta-feira (15), na capital angolana, Luanda.

José Eduardo dos Santos - Novo Jornal

Para o presidente, a situação na região dos Grandes Lagos Africanos, no leste do continente, é extremamente preocupante, “perturba e retarda” o processo de integração e desenvolvimento da África.

Ele disse que "o grande desafio" é saber se os líderes africanos “são capazes ou não de banir os conflitos armados,” e acrescentou: "Temos o dever de dizer que sim! Somos capazes de trabalhar para que isto aconteça, pois somos a esperança dos povos que confiaram em nós a condução dos seus destinos.”

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A carta de constituição da União Africana, ressaltou o presidente, é o guia para este processo. "Basta respeitá-la e implementá-la para se alcançar esses objetivos e reforçar a nossa cooperação em todos os domínios, cumprindo os compromissos assumidos", disse.

Santos abordou especificamente a atual onda de violência na República Democrática do Congo, na República Centro-Africana (RCA) e no Sudão do Sul, que tem mobilizado forças da União Africana, das organizações inter-regionais e da Organização das Nações Unidas, com organizações de manutenção da paz no terreno, com trabalhos complexos e atuação limitada.

Angola assume a presidência nesta conferência de chefes de Estado e de Governo da Região dos Grandes Lagos. Os principais desafios para o mandato de dois anos, de acordo com meios locais de comunicação, são a continuação da instabilidade e da violência armada nos países citados, todos presentes na reunião.

O presidente do Uganda, Yoweri Musevini, durante a abertura da conferência, havia ressaltado as políticas de exclusão de algumas tribos como atores políticos, e manifestou-se contra a contínua manipulação dos povos para fins não declarados, depois de ter feito uma avaliação das causas dos conflitos na região. Ele apelou aos líderes políticos para que se abstenham de arrastar os cidadãos para novas guerras e de transformar "querelas políticas" em militares.

Promover o desenvolvimento e a paz

Musevini falou da necessidade de maior cooperação entre os povos e nações da região, promovendo a paz entre si, o aumento da riqueza e promovendo o desenvolvimento e destacou a importância da construção de infraestruturas, como estradas, linhas férreas e o fornecimento de eletricidade, para permitir o crescimento econômico.

Para fazer face a estes desafios, José Eduardo dos Santos sintetizou que a posição de Angola será a de "manter o diálogo e obter consensos," assentando o seu mandato em três grandes domínios de atuação: nos planos político, econômico-social e desenvolvimento regional e no de defesa e segurança, anunciou o presidente angolano.

No plano político, privilegiará a aplicação dos princípios do Pacto sobre a Paz, a Estabilidade e o Desenvolvimento da Região dos Grandes Lagos, assinado em dezembro de 2006 em Nairóbi (capital do Quênia), e o cumprimento dos compromissos assumidos "para a busca da paz e estabilidade" na RCA e no Sudão do Sul.

No segundo plano, Angola vai "envidar esforços" para promover as trocas comerciais e de experiências nos domínios administrativo, gestão macroeconômica, combate à fome e à pobreza, o aumento do emprego e a cooperação nos setores da economia real, para consolidar a diversificação das respectivas economias.

Finalmente, no capítulo da defesa e segurança, o mandato de Luanda visa continuar a promover a gestão conjunta da segurança das fronteiras comuns, e a cooperação sobre questões gerais de segurança, designadamente o combate ao tráfico de seres humanos, imigração ilegal, exploração ilícita e pilhagem de recursos naturais, proliferação ilegal de armas e prevenção e combate das atividades criminosas transnacionais e terrorismo.

"Trabalhemos juntos para garantir um futuro melhor para os nossos povos", concluiu o presidente. A CIRGL foi criada após os conflitos políticos que marcaram a região dos Grandes Lagos, em 1994, cujo resultado marcou o reconhecimento da sua dimensão e a necessidade de um esforço concentrado, com o objetivo de promover a paz e o desenvolvimento na região.

Angola, Burundi, República Centro Africana (RCA), República do Congo, República Democrática do Congo (RDC), Quênia, Uganda, Ruanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia e Zâmbia, integram este órgão regional. O lema da conferência deste ano foi "Promovamos a paz, a segurança, estabilidade e o desenvolvimento da região dos Grandes Lagos".

Da redação do Vermelho,
Com informações das agências