Artigo do avô de Othelino retrata campanha sórdida dos Leões

 

Othelino Neto
Do Blog John Cutrim

O Blog Direto da Aldeia, editado por Frederico Luís, republicou o artigo polêmico e histórico “No panteon não há lugar para os parlapatões”, escrito pelo jornalista Othelino Nova Alves em 15 de julho de 1967, na coluna “Na Liça”, no Jornal Pequeno. O texto coincide com o momento atual vivido hoje pelo deputado Othelino Nova Alves Neto, diante de uma campanha desenvolvida pelo Palácio dos Leões que imputou ao parlamentar o fato de estar inelegível quando ele está no pleno gozo dos seus direitos políticos.

Othelino Nova Alves, avô de Othelino Neto, foi assassinado dois meses depois da publicação do artigo, no dia 30 de setembro, na rua de Nazaré, em São Luís. É um dos mártires da liberdade de imprensa no país. Curiosamente, seu neto é atacado pela blogosfera palaciana da mesma forma que o avô: sem o direito de se defender.

Relembre o artigo:

No panteon não há lugar para os parlapatões:

Othelino Nova Alves*

Estou seguramente informado de que certo grupo palaciano anda açoitando o cão com a vara pela Corregedoria Geral do Estado, com o objetivo de fazer movimentar ridículos, cavilosos e imaginários processos forjados contra mim, por figuras menosprezíveis, incapazes de me enfrentar nas lides jornalísticas e sem o trânsito livre e confortador que tenho, graças a Deus, perante a opinião pública da minha terra.

Saibam todos, protetores e protegidos que, quem faz absoluta questão de que andem os processos, e andem a jato, sou eu.

Etanto assim ocorre, que estou sempre nos Cartórios solicitando prosseguimento dos feitos, com a maior brevidade, pois, na verdade, na verdade eu vos digo, quanto mais depressa andarem tais processos, mais tranqüilos e mais segura será a prova fulminante, que farei, demonstrando a iniqüidade dos mesmos.

Não irei pedir favores a quem quer que seja. Não irei procrastinar uma só audiência. Não irei impedir o comparecimento de uma só testemunha. Não irei suar de artimanhas e sofismas com o objetivo de tumultuar o andamento dos feitos.

Contra mim nada existe, senão o temor dos carcomidos, dos calhordas, dos incapazes, dos falsários, dos pulhas, dos descategorizados e desqualificados, dos que têm vivido de enganar o povo.

Contra eles – todos eles – eu tenho provas esmagadoras, irrefutáveis, irretorquíveis, irrefragáveis, quer nos bojos de processos, quer em meu poder, uma delas de estarrecer a toda a população maranhense, provas que serão usadas legitimamente como legitimamente são praticados todos os meus atos.

Não irei pedir soluções políticas para os tais feitos, nem admito arranjos. Não desejo que nenhum deles seja julgado sem Relator, se for o caso, para haver designação “a posteriori” e, mesmo assim, ficar na berlinda o acórdão, de maneira a ser esquecido, e depois, publicado sem que as partes tenham conhecimento, já exaustas de esperar por um dever de dignidade judicante do magistrado a quem cabe a responsabilidade de sua lavratura.

Não irei pedir que fiquem os processos na geladeira… Não! Estou solicitando, de público e razo, o andamento de todas, observadas as diligências requeridas pela minha defesa e os meus depoimentos.

Assim, fala quem não teme. Assim procede quem tem a consciência tranqüila do dever cumprido, assim fala quem não teme, comparece perante os julgadores, porque, graças a Deus, arrima-se sempre, e invariavelmente, na verdade, a mais sublime de todas as Virtudes, a maior e mais poderosa de todas as Armas.

Volto, agora, a reafirmar que, no caso Buraqueira, agíramos na mais legítima defesa da nossa honra profissional, reagindo contra a injúria, calúnia e difamação e, ainda, refletindo a opinião pública.

E, ao ensejo deste novo pronunciamento, é dever salientar que temos os elementos probantes de nossas assertivas, pelo que estamos, todos nós do Jornal, tranqüilos e despreocupados, sem precisarmos de acomodações nem de arranjos; mesmo porque não usamos de tais expedientes.

Quem for podre, que se quebre!

Oque devem saber tais interessados no andamento dos processos – sobreleva recordar– é que nós temos reptado, por muitas vezes, o prefeito Buraqueira a dizer como paga uma Representação na Guanabara, sem que tenha ele tido a coragem de dizer uma só palavra. É que, segundo a Lei de Responsabilidade, terá que responder pelas despesas não autorizadas. E à Câmara Municipal de São Luís cabe o dever cívico, moral, legislativo e fiscalizador de saber como é feito tal pagamento, como é mantida a citada Representação. Desta feita, fica o repto à Câmara.

Seja dito, afinal de uma vez por todas, a esses gaiatos de gravata, que eles não passarão à história, porque no Panteon não há lugar para os parlapatões.

Que encanguem os processos e venham, pois a nossa arma será sempre a de sempre: a Verdade!

Oque parece dever de honra para a magistratura maranhense, sem a menor dúvida, é o julgamento do célebre Crime da Base Aérea, cuja demora constitui uma permanente interrogação de parte do povo, de todas as camadas sociais, não sendo nada agradável o conceito feito, em muitas delas, pela conduta da Justiça em retardado, inexplicavelmente, esse julgamento, que é que tem que ser uma questão de honra. Não desejava mais focalizá-lo nesta Coluna, senão ao seu término, mas a impertinência de tais gaiatos força-me a este resumido e parcimonioso pronunciamento, nem parênteses que preferia não registrar.

De resto, registrem todos estas afirmativas: não arredaremos um só milímetro da posição assumida.

Othelino Nova Alves, avô de Othelino Neto, foi um dos jornalistas mais polêmicos do Maranhão, assassinado covardemente em 1967