“É um verdadeiro boicote”, diz Jamil sobre ação na cracolândia

“É um verdadeiro boicote ao programa inovador da Prefeitura, talvez pegando o efeito de apoio da sociedade, procurando zerar o jogo com esse tratamento policial e demarcar campos”, defende Jamil Murad, presidente do PCdoB de São Paulo. O episódio, segundo Jamil, mostra que o Alckmin não consegue aprender com os erros que cometeu há dois anos.

Por Ana Flávia Marx, da Redação do Vermelho-SP

Em janeiro de 2012, a população de São Paulo foi surpreendida com a ação da Polícia Militar na cracolândia que espalhou os dependentes químicos em vários locais à base de força e repressão. Desta vez, o protagonista é o Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico), que seguiu ordens do governador Geraldo Alckmin.

A operação, de acordo com Jamil, é uma intervenção inadmissível e procurou destruir e impedir o trabalho que a Prefeitura está fazendo com os dependentes de crack na região, com uso de bombas e balas de borrachas que atingiu de maneira indiscriminada moradores e outras pessoas que estavam na região, procurando criar um clima de insegurança e desesperança.

“Esse caminho já foi tentado pela Polícia Militar e deu errado, não trouxe nenhum benefício para a sociedade. Agora nós estamos apostando em caminho novo, que não está nos compêndios de medicina. É uma inovação acolher socialmente, dar teto, alimentação e inclusão no trabalho”, disse Jamil Murad.

A ação inovadora que o presidente se refere é o programa São Paulo de braços abertos, que iniciou na segunda quinzena de janeiro com o objetivo de resgatar a dignidade das pessoas que viviam nos 147 barracos localizados entre as ruas Helvétia e Dino Bueno, na Luz. O programa envolve diversas secretarias com claro recorte de saúde pública, assistência social e direitos humanos.

Para o ex-vereador que tratou desse tema na Câmara de São Paulo, Alckmin, ao sentir apoio da população ao programa do governo Haddad, “tomou uma atitude para voltar ao caminho da repressão, o caminho que já fracassou tantas vezes”.

O líder comemora os pequenos resultados e afirma que ao ver o dependente de crack trabalhando, de banho tomado, se alimentando, “já é muito compensador para quem quer e torce por uma solução”.