Quarta-feira começa sem ônibus em Porto Alegre

O terceiro dia de greve dos rodoviários promete ser o mais difícil para os usuários do transporte público de Porto Alegre. Diferentemente dos últimos dois dias, quando 30% da frota circulou pelas ruas da Capital, nesta quarta-feira (29) a paralisação é total. Apenas três coletivos saída da garagem da Carris para atender a funcionários dos hospitais de Pronto Socorro e Presidente Vargas.



Trabalhadores decretam greve de onibus em Porto Alegre / foto: Ramiro Furquim

Ao final da reunião mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), por volta das 19h de terça-feira (28), os rodoviários de Porto Alegre decidiram parar totalmente, ignorando a decisão judicial de colocar 70% da frota de ônibus nas ruas nos horários de pico e o acerto que vinha sendo cumprido de ter 30% dos coletivos disponíveis na cidade. Os motoristas e cobradores que aguardavam em frente ao prédio do TRT, na zona central da cidade, em rápida assembleia, alegaram que manter tantos coletivos funcionando tiraria o sentido da greve da categoria. Por isso, decidiram que os poucos veículos em operação já deveriam voltar às garagens.


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Dsembargador Ana Luíza Kruse intermediou a reunião entre rodoviários e empresários do transporte coletivo | Por Daniel Aguiar Dedavid/TRT4A presidente em exercício do TRT, Ana Luiza Kruse, que mediou a reunião entre representantes dos rodoviários, da Prefeitura, da EPTC e das empresas transportadoras, marcou novo encontro entre as partes, para quinta-feira (30), às 15h, esperando propostas concretas. Esse primeiro encontro terminou sem acordo e teve muitas discussões, com acusações mútuas. Em uma hora e meia, Ana Luiza tentou levar as partes a achar uma solução para o dissídio da categoria e para o término da greve, que entrou em seu segundo dia. “Não podemos desvirtuar para outro tipo de questão”, disse a desembargadora, referindo-se aos comentários que surgiram, na mesa, sobre passe livre e críticas ao prefeito da capital, José Fortunati.

O gerente executivo da ATP – Associação dos Transportadores de Passageiros, Luiz Mário Sá, disse ter visto uma evolução no processo, “pois hoje ficou estabelecido que o poder público é protagonista importante na negociação”. Luiz Mário ressaltou que ficou subentendido que a Prefeitura examinará a questão do aumento da tarifa assim que for decidido o dissídio coletivo da categoria.

A vice-presidente do TRT havia determinado, mais cedo, a manutenção de 70% da frota nos horários de pico, atendendo a uma ação proposta pelo Município, que pediu também – e não levou – a decretação de abusividade da greve. Em caso de descumprimento, a multa estabelecida é de R$ 50 mil. Ana Luiza chegou a dizer, na reunião, que seria flexível quanto ao índice da frota em operação, no primeiro dia, mas destacou que se tratava de decisão judicial, a ser cumprida.

Foi justamente essa determinação que levou os rodoviários a decretar “frota zero”, com nenhum ônibus nas ruas da cidade. O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Júlio Pires, expôs o resultado da reunião com o TRT aos rodoviários, que reagiram com resposta radical. Esta quarta-feira (29) deverá ser o verdadeiro teste das ruas desde o início da greve, deflagrada com o pedido de aumento salarial de 14% e outros itens de benefícios.

Fonte: Sul21