Portuários fazem paralisação de 24 horas

Os portuários que atuam em atividades típicas do Estado como segurança, engenharia, entrada e saída de veículos e autorização para o embarque e desembarque, realizam desde às 7h desta quinta-feira (30) uma paralisação de 24 horas para exigir a criação de barreiras para a terceirização da Guarda Portuária, a reformulação do plano de cargos e salários das empresas e a definição sobre o plano de previdência complementar da categoria, o Portus.

Para José Adilson, secretário adjunto de Relações Internacionais da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e presidente do Sindicato dos Estivadores do Espírito Santo, "trata-se de uma reivindicação justa, feita com base na pauta estabelecida em 2013". "Os trabalhadores retomam a pressão e a CTB, os estivadores, conferentes, arrumadores, vigias portuários do Espírito Santo são solidários a essa mobilização", declarou ao Vermelho José Adilson, que também é presidente da Intersindical da Orla Portuária, e vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Transporte Aquaviário e Aéreo na Pesca e nos Portos (Conttmaf).

O movimento dá sequência à paralisação nacional de seis horas que atingiu Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Alagoas, Rio Grande do Norte e Pará.

De acordo com a Federação Nacional dos Portuários (FNP) o plano de cargos e salários está defasado e não atende as necessidades dos trabalhadores que estão no mercado, tampouco é capaz de atrair aqueles que estão fora.

Muitos portuários já atingiram o auge do nível de avanço e quem vem de fora, via concurso público, não enxerga perspectiva de crescer. “Tanto que aproximadamente 40% dos concursados que entraram nos últimos oito anos estão deixando as empresas porque querem crescer na carreira”, aponta Eduardo Guterra, secretário-adjunto da Saúde do Trabalhador da CUT e persidente da Federação.

Sobre o Portus, o dirigente destaca que a briga com o governo se arrasta há mais de quatro anos. O fundo de pensão é dividido entre as administradoras portuárias e os trabalhadores, mas as patrocinadoras (Companhias Docas) e a União estão em débito com o plano. A estimativa da FNP é que ultrapasse R$ 4 bilhões.

“Na época do governo Lula, conseguimos um aporte de R$ 450 milhões, que ajudou o Portus a respirar nesses últimos anos. Mas esse dinheiro acabou. O plano está sob intervenção há mais de três anos, que já foi renovada seis vezes, e o prazo final é dia 31 de janeiro e queremos uma resposta do governo com relação à dívida de todas as empresas e da União”.

A dívida sobre os benefícios afeta 11 mil ativos e pensionistas. Com os dependentes, considerando três pessoas por família, o número chegaria a mais de 30 mil pessoas.

Os portuários cobram ainda que o governo apresente os resultados de um estudo elaborado por um grupo interministerial criado para auditar a dívida do Portus. De acordo com a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), o levantamento foi concluído e agora depende de decisão da Casa Civil.

“O governo federal criou um grupo de trabalho exclusivamente governamental para analisar as dívidas e necessidades do fundo, mas não tivemos nenhuma posição sobre a avaliação que é fundamental para essas vidas”, critica Guterra.

“Ao final da greve, vamos fazer uma avaliação deste movimento para ver se vamos continuar com uma postura mais radical ou se haverá negociação com o governo”, finalizou Guterra.

Da redação do Vermelho com informações da CUT