Ato presta homenagem aos trabalhadores vítimas da ditadura

Com auditório cheio e ao som da músicas de grandes compositores como Chico Buarque, Martinho da Vila, Sérgio Sampaio e Zé Keti, o ato sindical "Unidos, Jamais Vencidos" prestou homenagem aos mais de 400 trabalhadores e sindicalistas vítimas do regime militar. O evento foi realizado neste sábado (1º/2), em São Bernardo do Campo, no Grande ABC, em São Paulo.  

O ato foi promovido pelas centrais sindicais como Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), CSPConLutas, entre outras.

Cerca de 400 pessoas foram homenageadas como Ângelo Arroyo e Maria Lúcia Poço (que foram executados durante o regime), Aurélio Peres, Eustáquio Vital Nolasco, Marcelo Toledo, Neleu Alves, Joel Batista, Maria Arleide Alves, João Batista Lemos e Ana Martins.

Para Batista, da direção executiva da CTB, o trabalho da Comissão Nacional da Verdade é essencial para que a nova classe trabalhadora conheça a luta do povo e desenvolva uma consciência de classe. "Ainda temos muito o que fazer. É preciso aprofundar a democracia e reforçar a luta pelo socialismo", afirmou o dirigente.

“É importante resgatar a memória da luta da classe trabalhadora, que gerou lideranças como a de Lula. Para nós trabalhadores é fundamental esse resgate. São lições que temos que tirar para que nunca mais aconteça no Brasil e para que essa nova geração da classe trabalhadora tenha conhecimento que tudo que conquistamos até agora foi com muita luta, muito sofrimento”, declarou ao Vermelho João Batista.

O primeiro ato de 2014, ano em que o golpe de 64 completa meio século, contou com a presença do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, do secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, do filho do presidente da República João Goulart, João Vicente Goulart e da coordenadora da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Rosa Maria Cardoso da Cunha, do presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, além de representantes de dez centrais sindicais e parlamentares.

Os homenageados receberam um diploma de reconhecimento por suas ações na luta democrática e os que foram assassinados por agentes do Estado naquele período foram homenageados "in memoriam”.

O município de São Bernardo do Campo é conhecido como um dos principais palcos das primeiras grandes greves de trabalhadores ocorridas no final do regime militar, a partir de 1978, que contribuíram para a abertura política e o processo de redemocratização do País. Um dos líderes dessas greves e do movimento de trabalhadores contra o arrocho salarial foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema.

Abertura

O prefeito Luiz Marinho abriu o evento destacando que a democracia que o Brasil tem hoje foi conquistada através do sangue de muitos. “Vamos lembrar aqui as atrocidades da ditadura e tantos amigos e anônimos que se foram. Quantos trabalhadores foram sacrificados das mais diversas formas. Uns com a vida, outros torturados. Torturas físicas, psicológicas e emocionais”. Segundo ele, a população não tem que apenas lembrar do golpe de 50 anos atrás, mas sim, se alertar para movimentos atuais que dão continuidade ao processo de ditadura.

Um dos homenageados foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que despontou nacionalmente durante as greves realizadas no ABC no final da década de 1970. À época, Lula era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema.O ex-presidente, contudo, não compareceu ao evento. Lula estava na capital paulista realizando exames médicos de rotina no hospital Sírio-Libanês e não pode comparecer à homenagem.

Comissão Nacional da Verdade

Na homenagem, Rosa Maria Cardoso da Cunha, coordenadora da Comissão Nacional da Verdade, enfatizou o significado que o golpe de 64 teve para a classe trabalhadora e lembrou que a CNV está lutando por um processo de justiça.

"Foi a classe trabalhadora que sustentou as reformas de base por um processo de modernização e aceleração do capitalismo, imposto a partir de 64. Foi a classe trabalhadora que trouxe o povo para participar da política, e que colocou um trabalhador no Poder. Lula é o ícone da participação da classe trabalhadora no poder”, afirmou.

Com informações do Portal Brasil