Candidato da FMLN classifica eleições como “grande triunfo”

Os cidadãos de El Salvador foram às urnas neste domingo (2) para escolher o novo presidente do país. Com 99.16% dos votos processados, sabe-se que haverá segundo turno entre os candidatos da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, de esquerda, Salvador Sánchez Cerén, que obteve 48,92% dos votos, e Norman Quijano, da direitista Arena, que obteve 38,95%.

Sánchez Cerén comemora resultado e chama militância para garantir triunfo final| Foto: Divulgação

Os candidatos disputarão, no segundo turno, os votos dados ao ex-presidente Antonio Saca (2004-2009), que foi expulso do Arena e lançou candidatura própria, tendo alcançado 11,44% dos votos.


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“Nos deram o triunfo no primeiro turno e estamos seguros de que o segundo turno não será por 10 pontos: serão mais de 10 pontos, uma grande vitória”, disse o ex-guerrilheiro da FMLN.

Com sua eleição, Sánchez Cerén passaria a ser o quarto ex-guerrilheiro a chegar ao poder na América Latina, seguindo os presidentes da Nicarágua, Daniel Ortega, do Uruguai, José Pepe Mujica e do Brasil, Dilma Rousseff.

O novo presidente tem como desafio administrar uma economia que cresceu 1,9% em 2013, combater os níveis de pobreza (40,7% dos 6,2 milhões de salvadorenhos) e o desemprego, que atinge 30% do país. A economia do país se sustenta basicamente das remessas feitas por salvadorenhos que vivem no exterior.

A campanha da esquerda apostou na continuidade do governo Funes, voltado para o desenvolvimento de programas sociais e no combate à violência, um dos principais problemas em El Salvador. Por outro lado, a oposição, liderada por Quijano, amparou sua campanha nas temáticas da insegurança, violência e militarização da sociedade. 

Sánchez convocou toda a militância e simpatizantes para trabalhar e construir uma agenda de país que abra espaços de participação.

Guerra civil

Professor, sindicalista, comandante guerrilheiro das forças da FMLN, Sánchez Cerén foi um dos artífices dos Acordos de Paz que puseram fim a dez anos de guerra civil em El Salvador. Já Quijano, prefeito da capital salvadorenha, San Salvador, é um político experiente da Arena, partido que, quando esteve no poder (1989-2009), aplicou um modelo neoliberal no país, que privilegiou os interesses de mercado e das grandes empresas nacionais e transnacionais.

Quase cinco milhões (4.955.107) de eleitores foram convocados a participar neste domingo (2) do processo eleitoral em El Salvador.

O próximo presidente irá substituir Mauricio Funes, primeiro governante eleito pela FMLN após a guerrilha formar um partido. De 1980 e 1992, a guerra civil salvadorenha resultou na morte ou desaparecimento de 75 mil pessoas. Em 1992, com a assinatura dos acordos, a FMLN abandonou as armas e se transformou em partido político.

Com informações da Opera Mundi e AFP