A Copa do Mundo vira proposta pedagógica em Salvador

No Largo de Roma, a Copa do Mundo pode ser mais que um campeonato internacional de futebol: vira proposta pedagógica, além de mote para agregar a comunidade, pais, alunos e professores. Há 29 anos, o Centro Educacional Santa Rita promove essa reunião em torno de um bandeirão verde-amarelo, que nesta terça-feira (4) cobriu os poucos mais de 500 metros da Rua Monsenhor Basílio Pereira para marcar o início do ano letivo.

Bandeira da Sorte Copa do Mundo - alunos de Salvador

Ao todo, o manto tem 1.600m – reunindo retalhos de bandeiras desde a Copa de 1982, quando começou a iniciativa da escola. Com doações de pais e vizinhos, a meta é alcançar 3 mil
metros de manto. “O bandeirão da Copa não é apenas uma comemoração, é um projeto de educação cívica. Queremos mostrar para as crianças que o Brasil não é feito só de mazelas”, disse a diretora do Centro Educacional Santa Rita, Maria José Barreto, a pró Lia, torcedora da Seleção.

“Queremos que nossos alunos reconheçam a beleza do hino nacional e do amor à pátria”, afirmou. Além de costurar o estandarte, o planejamento educacional abraça a proposta levando
os temas ligados à Copa do Mundo para dentro da sala de aula. “Todas as disciplinas têm um pouquinho da Copa: em Geografia, serão estudados os aspectos dos países participantes, em História, os fatos históricos das seleções e até Biologia é envolvida, ao tratar de assuntos como contusões dos jogadores”, explicou a diretora.

A Copa do Mundo começou a mobilizar a comunidade e os moradores da rua onde fica a escola desde quando Zico, Falcão e Sócrates defendiam as cores do Brasil. Na época, pró Lia decidiu
unir os alunos para confeccionar uma bandeira de mil metros.

Além do trabalho pedagógico, pró Lia não descuida de levar a bandeira na Colina Sagrada para
pedir ao Senhor do Bonfim o título de campeão à Seleção. Nesta nona edição, o bandeirão começou a ser confeccionado em janeiro, a partir de doações dos pais de alunos e de moradores da rua. “Reaproveitamos os tecidos de anos anteriores e anexamos novas contribuições. Este ano, planejamos ligar a Igreja do Bonfim ao Hospital Irmã Dulce com a bandeira”, explicou pró Lia.

Nesta terça-feira (4) , no início do ano letivo, os 400 alunos da instituição cantaram o hino nacional e dançaram ao som do grupo de percussão do projeto Bagunçaço Arte e Educação, do bairro do Uruguai. Mãe de aluna e ex-estudante da escola, a atendente comercial Geovana Barbosa, 29 anos, já foi porta-bandeira do desfile do bandeirão e, hoje, incentiva a filha. “Participei quando tinha 6 anos, na Copa de 1986. Os pais e a comunidade se envolviam. Reviver isso é muito bom. Não canso de mostrar as fotos da época para ela”.

Fonte: Correio