Carlin: Vitória do PCdoB impulsionará avanços do povo brasileiro

Militante do PCdoB desde 1988, o prefeito de Contagem, Carlin Moura, participou no último final de semana, em São Paulo, de sua primeira reunião como membro efetivo da instância maior Partido: o Comitê Central. Ao lado de dirigentes históricos e representantes da nova geração de quadros do PCdoB, Carlin participou dos debates a cerca dos temas e das lutas que irão mobilizar a militância comunista brasileira em 2014.

Carlin Moura eleito Comitê Central - Fotos: Clécio Almeida

Em entrevista ao Portal Vermelho-Minas, ele falou dos desafios colocados ao Partido no ano em que o país sediará a Copa do Mundo – o maior evento do futebol mundial. Em 2014 o Brasil também irá vivenciar a expressão máxima da democracia com as eleições que irão definir os novos representantes para os cargos de deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente.

“O Comitê Central do PCdoB está convicto de que a tarefa central do momento é barrar o retrocesso e assegurar a quarta vitória consecutiva do povo, com a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, objetivo indissociável da elevação da representação parlamentar dos comunistas e da conquista de ao menos um governo estadual, no caso concreto do Maranhão, com a eleição de Flávio Dino. Uma expressiva vitória eleitoral dos comunistas fortalecerá o papel da esquerda para impulsionar os avanços que o povo brasileiro exige”, afirmou Carlin.

Ainda segundo ele, a direção nacional do Partido aponta que, além de dar continuidade ao processo de mudanças iniciado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, é preciso avançar ainda mais promovendo uma nova arrancada para o desenvolvimento nacional robusto e duradouro. “Esta arrancada exige mais desenvolvimento, mais democracia e mais progresso social”.

Leia abaixo a íntegra da entrevista do prefeito de Contagem, Carlin Moura:

Vermelho-Minas: Você participou nos dias 7, 8 e 9 de fevereiro, em São Paulo, de sua primeira reunião como membro efetivo do Comitê Central do PCdoB. Qual o significado dessa reunião parta você?
Carlin Moura: Um significado histórico. Comecei minha militância no PCdoB em 1988 e em 2014 fazer parte do órgão dirigente central muito me orgulha. No Comitê Central do PCdoB já passaram figuras da magnitude de João Amazonas, Maurício Grabois, Ângelo Arroyo, Luiz Carlos Prestes, dentre tantos outros. E esse significado toma dimensão ainda maior porque entro no Comitê Central justamente no ano em que o Golpe de 64, que ceifou a democracia política brasileira e as reformas de base (sociais e políticas), completará 50 anos. No atual Comitê Central convivo com pessoas como o presidente nacional do Partido, Renato Rabelo; Aldo Arantes; Haroldo Lima e Jô Moraes, dentre outros, que tiveram que viver durante vinte anos na clandestinidade para defender a causa da democracia, do socialismo e de suas próprias vidas. Mas está lá também a nova geração, representada pela deputada federal Manuela D'Ávila, a presidenta da UNE, Vic Barros, Ana Maria Prestes, Wadson Ribeiro, e outros, que assim como minha geração, vivem num Brasil de Democracia Plena, fruto da luta do povo brasileiro.

Quais os grandes desafios apresentados para o PCdoB nesse momento presente?
Devemos sempre levar em conta a definição de quais as condições concretas em que vivemos no Brasil de hoje, onde estamos pisando e qual o tempo presente. Nosso desafio maior é renovar a esperança destacando novas prioridades para uma nova etapa de desenvolvimento para o país. A direção nacional aponta que o Brasil precisa não apenas dar continuidade, mas aprofundar as mudanças iniciadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Precisamos promover uma nova arrancada para o desenvolvimento nacional robusto e duradouro, que dê respostas aos anseios de melhoria crescente da vida do povo e dos trabalhadores. Esta arrancada exige mais desenvolvimento, mais democracia e mais progresso social.
Ganha destaque o fato de vivermos uma crise urbana. Convivemos com uma ‘classe média' ainda desconfiada com as mudanças e os menos favorecidos que ascenderam socialmente apresentam novas exigências. É importante compreender que esse novo projeto, com novas prioridades para uma nova situação, só é possível porque, com o ciclo iniciado por Lula e continuado por Dilma, criamos as condições objetivas para tal situação.

Quais seriam essas novas prioridades?
Precisamos fazer um grande investimento na reurbanização do país. Para isso é necessário formular uma estratégia de desenvolvimento focada na elevação dos investimentos e no aumento da produtividade. No plano estrutural, tornar o país integrado nacionalmente com poderosa infraestrutura logística e promover uma reforma urbana que humanize as cidades. A humanização das cidades passa, por exemplo, por um plano nacional de transporte público de massas visando a melhoria da infraestrutura do transporte e também num ousado programa de tarifas subsidiadas, dentre outras questões estratégicas.

Como seria possível esse desafio?
As mudanças necessárias ao país não ocorrerão por obra do acaso, mas demandam um conjunto de lutas, movimentos e alianças que resultem na reforma do Estado brasileiro, sua democratização e modernização. Este objetivo – como bem reafirma nosso presidente nacional, Renato Rabelo – exige a realização das reformas estruturais, nomeadamente a reforma do sistema político e dos meios de comunicação. Precisamos criar as condições para uma comunicação pública que no sistema de concorrência no mercado possa ofertar uma programação de melhor qualidade que, por exemplo, garanta a acesso dos trabalhadores brasileiros aos jogos de futebol em horário compatível com suas realidades de trabalho.

Falando em futebol, como a direção nacional do PCdoB se posiciona em relação à Copa do Mundo no Brasil?
Aprovamos um documento que reafirma que a “Copa do Mundo é Nossa”. Mas não basta vencer o mundial, precisamos derrotar o rentismo e desenvolver o Brasil. O que é o rentismo mesmo? É a política de juros altos que impede maiores investimentos no país. Pra você ter uma ideia, só em Contagem, gastamos quase R$60 milhões por ano pagando juros da dívida pública municipal que começou lá em 1999. Esse recurso poderia ser investido, por exemplo, no transporte público, mas não, vai direto para o sistema financeiro.
Para o Brasil os resultados econômicos e sociais com a Copa serão marcantes. De 2010 a 2014, segundo estudos da FGV [Fundação Getúlio Vargas], o Brasil vai gerar mais de 3,6 milhões de empregos diretos e indiretos. Há para, além disso, um importante processo de qualificação de trabalhadores, representado, por exemplo, pelo Pronatec, que está qualificando 94 mil trabalhadores para o evento.
Ainda mais relevante do que o gigantismo dos números é o efeito ideológico-cultural que o evento tem o potencial de desenvolver. O futebol é um dos traços mais importantes da cultura do Brasil, mobilizando a paixão dos nossos compatriotas de modo profundo. Realizar uma Copa no Brasil significa elevar a autoestima dos brasileiros, reafirmar a capacidade de nosso povo de realizar grandes coisas, o que tem especial importância para todos que sonham com transformações profundas conduzidas pelos trabalhadores e pelo povo.

Mas o mundial tem sido alvo de ataques constantes de setores conservadores da mídia e da sociedade brasileira. O que querem esses grupos?
Os setores inimigos do Brasil e da Copa tentam confundir a cabeça do nosso povo com inverdades que vamos passo a passo esclarecendo. Uma primeira grande falácia é a de que o governo estaria gastando bilhões com a Copa, tirando para isso dinheiro da saúde, da educação e dos transportes. É preciso que se diga claramente: a Copa não tirou nenhum real das áreas sociais. De 2007 (ano em que o Brasil conquistou o direito de realizar a Copa) para cá, os investimentos em Saúde e Educação cresceram anualmente. A justa necessidade de investimento de 10% do PIB em educação e saúde não está em contradição com a realização dos jogos, mas sim com os interesses do rentismo e da especulação, que esta mesma grande mídia defende ardorosamente.
Outra questão que precisa ser esclarecida diz respeito ao tema das remoções. O número de desapropriações é de 6.652 famílias, nada parecido com os números que vemos circular por aí, e que chegam à cifra fantasiosa de 150 mil famílias. E mais: a totalidade das remoções tem relação direta com as obras de mobilidade urbana, que visam ampliar o transporte coletivo, grande anseio do nosso povo expresso nas manifestações de junho do ano passado. Ou seja, não há deslocamentos em função da construção dos novos estádios. As famílias atingidas estão sendo atendidas pelo programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.
Outra preocupação diz respeito a um processo de elitização do futebol, com o aumento constante do preço dos ingressos que se verifica há alguns anos. Este processo indesejável antecede os jogos e é percebido mesmo em estádios e cidades que não sediarão a Copa. Isso não exime o governo da necessidade de buscar soluções para esta questão, já que é preciso defender o direito do povo trabalhador de ter acesso aos estádios. Mas acusar a Copa de ter desatado este processo é semear a confusão e não ir à verdadeira raiz do problema.

E os desafios eleitorais postos para o PCdoB em 2014?
O Comitê Central do PCdoB está convicto de que a tarefa central do momento é barrar o retrocesso e assegurar a quarta vitória consecutiva do povo, com a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, objetivo indissociável da elevação da representação parlamentar dos comunistas e da conquista de ao menos um governo estadual, no caso concreto do Maranhão, com a eleição de Flávio Dino. Uma expressiva vitória eleitoral dos comunistas fortalecerá o papel da esquerda para impulsionar os avanços que o povo brasileiro exige.
Em Minas daremos especial atenção na eleição de pelo menos dois deputados federais, priorizando a reeleição da deputada federal Jô Moraes e também do nosso presidente estadual Wadson Ribeiro. Para Assembleia Legislativa pretendemos dobrar a bancada com reeleição dos nossos dois deputados estaduais, Mario Henrique Caixa e Celinho, e conquistar pelo menos mais dois mandatos. Para tanto, estamos montando uma chapa competitiva e bem representativa em todo estado.
Nosso Partido também apresenta o nome da deputada Jô Moraes como pré-candidata ao governo de Minas. Acreditamos que temos condições de construir uma candidatura forte e representativa com um projeto de desenvolvimento para o estado sintonizado com as prioridades do Brasil atual, e fortalecendo o campo de Dilma em Minas. Temos também quadros importantes para disputar uma vaga para o senado, como é o caso de Ana Maria Prestes, de Zito Vieira, do vereador de Belo Horizonte Gilson Reis, do ex-vereador de Betim Geraldo Pimenta, sem falar nos nossos expressivos deputados Caixa e Celinho, dentre outros.

Da redação do Vermelho-Minas